Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 17 de abril de 2005

Filho do Máskara, O

Mais uma continuação para o biscoito recheado de seqüências que é Hollywood. Sem idéias originais, a indústria apela para remakes e continuações. Cansados estamos nós cinéfilos que temos que aturar toda essa falta de iniciativa.

"O Filho do Máskara" é o cúmulo de quem não tem o que fazer. Conseguiram estragar a perfeita atuação de Jim Carrey no original colocando Jamie Kennedy no papel principal da seqüência. Tudo bem, ele não é exatamente o protagonista, mas até mesmo o cachorro Otis consegue ser mais divertido. O bebê, que é justamente o protagonista do filme, só aparece mesmo quando está dormindo ou simplesmente parado, o resto é tudo feito por computador (e como é mal feito).

O filme conta a história de Tim Avery (Jamie Kennedy), um aspirante a cartunista que não está preparado para ser pai, mas acaba tendo que cuidar do seu bebê que nasceu com os mesmos poderes da máscara de Loki (a máscara viking que Jim Carrey encontra no primeiro filme). Depois que sua esposa Tonya (Traylor Howard) viaja à trabalho, Tim não consegue mais sustentar sua carreira por ter que cuidar do pestinha que tem em casa.

Depois de assistir ao filme, cheguei a triste conclusão de que o personagem mais divertido de toda a história na verdade é Otis. O cãozinho é engraçado com e sem máscara. Jamie quando coloca o bendito objeto no rosto não tem o mesmo ar humorístico de Jim Carrey. O personagem é “sem sal” e não agrada em nada, nada mesmo. É chato comparar, mas o Máskara não é absolutamente nada sem Jim Carrey. O bebê, por sua vez, chega a ser mais cômico que Jamie, mas ainda assim é chato. Em grande parte do filme me lembrei de "Ninguém Segura Esse Bebê" e achava graça me lembrando das boas cenas que tenho em minha memória. Além do mais, o Máskara é um personagem mulherengo que tira sarro de tudo e de todos. Como um bebê poderia tomar o lugar de um adulto pra fazer um personagem desse estilo? De forma alguma isso daria certo.

A idéia de fazer com que Loki (vivido por Alan Cumming) voltasse à Terra obrigado pelo seu pai Odin (Bob Hoskins) em busca de sua máscara perdida não faz a história ser mais interessante, pelo contrário, torna o filme ainda mais cansativo. No original, o tema de Loki foi citado em apenas uma única cena, na qual Stanley Ipkiss (Jim Carrey) busca um historiador para conhecer um pouco mais sobre a máscara e nem por isso o filme deixou de ser excelente. O roteiro de Lance Khazei peca demais. Há muitos erros de contexto e de continuidade. A seqüência da "luta" (aspas) entre o pai desleixado, seu filho maluco e o filho doido de Odin estraga ainda mais o que o filme já tinha de ruim.

Dica particular: Assistam ao filme dublado, pois o Máskara com a voz do Supla consegue ser mais engraçado e carismático do que Jamie Kennedy, por incrível que pareça. E a propósito, Jamie Kennedy não é um mal ator, pelo contrário, seu programa de TV é bastante engraçado e vale à pena ser conferido.

O filme dirigido por Lawrence Guterman nem deveria ter existido. Por ventura ainda apareça alguma criança por aí que dê algum sorriso ou até mesmo uma gargalhada com as besteiras projetadas na tela. Ao contrário do original que agradou a gregos e troianos, sua continuação é tola demais pra agradar o público mais exigente.

Bruno Sales
@rmontanare

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