Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 11 de março de 2006

Firewall – Segurança em Risco

Já ouviu falar em algum filme no qual os bandidos rendem uma família para que o pai se sinta pressionado a cometer atos ilegais (geralmente roubar muito dinheiro) para salvar aqueles que ama? Pois é, Firewall é mais um filme do gênero. Sem novidades, previsível, irritante algumas vezes e que só se salva pela atuação de Harrison Ford.

Firewall – Segurança em Risco conta a história de Jack Stanfield (Harrison Ford), um especialista em computadores que construiu sua carreira desenvolvendo sistemas que protegem as finanças do banco contra os hackers que tentam invadi-lo com seus rastreadores, códigos de acesso e Firewalls. Proporcionando uma vida feliz a sua esposa Beth (Virginia Madsen) e a seus dois filhos, Jack jamais imaginaria que poderia ser alvo de bandidos ambiciosos que, sem conseguir acessar o sistema tão seguro do banco no qual Jack trabalha, decidem seqüestrar a família do executivo e fazer com que ele retire do banco o dinheiro exigido, pois só ele saberia acessar o sistema criado por ele mesmo.

O impiedoso Bill Cox (Paul Bettany) vinha estudando Jack e sua família há muito tempo, até decidir que havia chegado a hora de pôr seu plano em prática. Depois de uma cena feliz da família no começo do filme, nos deparamos com a abordagem de Bill e seus capangas para seqüestrarem a família de Jack dentro da sua própria casa, enquanto o executivo estaria “livre” para transferir o dinheiro de clientes do banco para a conta do criminoso. Os minutos mais interessantes são os iniciais, nos quais nos deparamos com a angústia de Jack e suas tentativas frustradas de enganar os criminosos. Até aí só clichê, e depois disso, mais clichê.

Sem escolha (como sempre), o protagonista vê que a única saída para salvar a si e a sua família é colaborar com a quadrilha, que demonstra pouca afinidade entre seus membros, tendo sempre um que é mais “bonzinho” e que sente que está fazendo coisa errada, e aquele impiedoso capaz de matar seus próprios companheiros para que seu plano saia perfeito, mas claro, Jack usa a inteligência para driblar Bill e sair dessa cilada.

É impressionante como os roteiros de filmes de ação estão cada vez mais redundantes, sem emoção, e usando atores maravilhosos para colocarem suas caras em produções que não se destacam. Se não fosse a ótima performance do respeitável Harrison Ford que aos 63 anos ainda mostra-se muito bem nos papéis que aceita fazer, o filme teria sido um fracasso completo. A atuação de Virginia Madsen é razoável, dando espaço para o vilão vivido por Paul Bettany. Por mais que alguns insights sejam bem postos durante a trama, o roteiro não se sustenta, mostrando como a história vai acabar muito tempo antes que o “the end” chegue, e quando chega, mostra uma cena hipócrita e manjada, só faltando ter escrito na cena a legenda: E viveram felizes para sempre.

Durante o clímax da aventura, misturada a cenas de violência, sangue e reviravoltas (novidades?), eis que até o cachorrinho da família se torna uma peça fundamental no desenrolar do longa. Desconsiderando a considerável vontade de sair da sala do cinema e se jogar de cima de um prédio por causa disso, o filme continua seguindo a linha clichê, inclusive depois que o personagem encara uma dura batalha com seu inimigo, onde os dois apanham sem piedade e só um sobrevive, sem dores e em condições de fazer aquela cena do “the end” comentada no parágrafo passado.

A direção tem momentos de altos e baixos. Em algumas cenas, o diretor Richard Loncraine (Wimbledon – O Jogo do Amor) parece que não se preocupou muito em seguir uma linha razoável que foi adotada em outros momentos do filme. O roteirista Joe Forte até tenta vestir uma nova roupa na produção, mas não consegue sair da mesmice, deixando toda a responsabilidade na performance de Harrison Ford, para criar um personagem com credibilidade e convincente.

Firewall é apenas mais um na lista dos filmes de ação que não mudam em nada e que dá ao expectador mais exigente a chance de gritar: "ROTEIRISTAS, POR FAVOR FAÇAM BOAS HISTÓRIAS PORQUE ESSA EU JÁ CONHEÇO!" Das cinco estrelinhas dadas de muito boa vontade ao longa, vale salientar que quatro são para o desempenho de Harrison Ford. Façam as contas.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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