Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Hulk

Hulk é um filme ruim, chato, com um fraco roteiro e uma tendência em demasiado de fazer você simpatizar com o mostro.

Hulk foi a quinta adaptação dos quadrinhos da Marvel Comics com “sucesso”. E depois do bom “X-Men”, e dos ótimos “O Homem Aranha”, “X-Men 2” e “Demolidor” a Marvel resolveu erroneamente que era hora de adaptar nada menos, nada mais que o verde-esmeralda Hulk. Um grande erro, não sei o que deu neles, não sei se foi a escolha do diretor, do elenco, da indústria criadora dos efeitos especiais, dos roteiristas ou de Stan Lee, em criar um bicho tão fútil. Só sei que nesta adaptação nada deu certo, o que pode acabar com parte da credibilidade da Marvel, a empresa só vinha patrocinando filmes de ótima qualidade, e depois de investir 150 milhões de dólares num filme tão fraco e constrangedor, chega a ser até duvidoso querer assistir outro filme adaptado. O projeto do “Homem de Ferro”, que nós, até hoje, não sabemos se vai ou se vem, é baseado num quadrinho com a mesma repercussão de Hulk, e aí, o que se irá fazer. “O Justiceiro” é outra, fora as continuações já previstas. Quem sabe eles tentam transforma-los em outro drama humano e psicológico.

A grande estupidez foi contratar o diretor nascido no Taiwan, Ang Lee. Lee transformou uma grande besta assassina, sem consciência e sentimentos, num dramalhão psicológico sem fundamento ou noção do ridículo. Acho que quando foi contratado, os produtores não tinham conhecimento de suas obras anteriores, Lee só havia feitos filmes artísticos como “O Banquete de Casamento”, “Tempestade de Gelo” e “O Tigre e o Dragão”, e obviamente ele não queria que Hulk fosse apenas um blockbuster de super-herói que servisse apenas de diversão, ele queria algo mais profundo. E fez… Infelizmente, ele transformou Hulk num ser patético. Onde está aquele mostrengo verde que sai destruindo tudo que vê pela frente resmungando “Hulk esmaga!”. Eis o filme que pode acabar com sua carreira em Hollywood, tanto que o filme não se pagou nas bilheterias americanas, depois do enorme sucesso da primeira semana, o filme caiu drasticamente quase 200%.

David Banner (Nick Nolte) é um cientista genético que pelo fato de não ter cobaias humanas, começa a fazer experiências em seu próprio DNA. Seu filho Bruce Banner (Eric Bana) nasce, devido as experiências, com uma espécie de mutação, e com exposição a radiação gama, sua mutação começa a se desenvolver, transformando-o em uma besta verde e gigantesca em seus momentos de raiva e insanidade. Seu pai, dado como morto, volta e se aproxima de seu filho para usá-lo com a finalidade de salvar-se, enquanto isso Bruce é perseguido pelo General Ross (Sam Elliot), por ser considerado perigoso para o exército, e só a ex-namorada e paixão da vida de Bruce, Betty Ross (Jennifer Connely) o apoiará.

O roteiro desagrada a todos, até aos “Hulkmaníacos”, para começar, o nome original do Hulk, é David Banner, que no filme seria seu pai. Nas HQs, Banner vira Hulk, devido aos raios gamas, e não uma simples exposição que desperta sua mutação, proveniente de algas marítimas (a razão do verde).

As únicas atuações que suportei foram as de Nick Nolte e Jennifer Connely. Ele com furor, e sabedoria, não tendo uma atuação caricata e sim até convincente, é um ator que vem ganhando mais prestígio, mas não é muita coisa, existiriam infinitas melhores opções para o papel, não tirando seu mérito. Connely continua bela, e é a única beleza estética do filme, faz um papel fraco, sem muita importância, mas consegue se segurar e manter o prestígio enquanto toda a equipe se afunda. Bana é um ator iniciante e completamente inexpressivo, é um daqueles casos onde um rosto galante serve para atuar. Não sei se Hulk, a besta completamente malfeita sem expressão nenhuma, ou Bana é mais expressivo. Deixemos num empate.

Os efeitos visuais são um caso a parte. Ninguém sabe primeiramente o motivo de alguém querer fazer um monstro daquele tamanho inteiramente digital. Não sei o que aconteceu, mas acho que os realizadores dos efeitos pensaram que o filme seria uma animação, pois o Hulk mais parece um bonecão do que uma besta assassina, até se colocassem o “Shrek”, seria mais convincente, e pelo menos poderia haver alguma diversão que compensasse o ingresso. Extremamente malfeito, sem expressão. Faz com que o filme perca completamente a credibilidade. Horroroso. Ainda fui obrigado a escutar por fanáticos, de que a única diferença entre Hulk e Gollum da Trilogia “O Senhor dos Anéis”, é o fato de Gollum ser baseado em uma pessoa, Andy Serkis, de mesmo tamanho que fazia seus movimentos e na hora do filme recebia uma “capa”, enquanto o monstrengo verde não tinha ninguém do tamanho para se espelhar. Isso não é desculpa, quiseram fazer assim, torraram 150 milhões de dólares no projeto, deveria sair algo o mais perfeito possível. Vide a cena em que ele foge pelo deserto, patética, malfeita e constrangedora de assistir. Realmente vou ficar muito indignado se Hulk for indicado ao Oscar de Melhor Efeito Visual, já que foi pré-selecionado.

O único destaque técnico são os efeitos especiais, que são tão ruins que é a única coisa que você nota, mas tem uma boa fotografia, e bom uso dos cenários. Só.

Hulk é um filme ruim, chato, com um fraco roteiro e uma tendência em demasiado de fazer você simpatizar com o mostro. Sem nenhum significado, foi um filme que só teve a utilidade de afundar a equipe, em suas desculpas e faltas de oportunidade num filme decente. Desprezível.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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