Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 27 de março de 2005

Lenda do Tesouro Perdido, A

Apesar do filme desbancar em besteiras de escadarias a la "Indiana Jones" próximo ao fim, ele não deixa de ser um boa pedida.

Quando assisti "Doze Homens e Outro Segredo" esperava por roubos fascinantes. Infelizmente, esses não aconteceram no mesmo nível do original. É quando vejo a "A Lenda do Tesouro Perdido", com roubos bem bolados e execuções fantásticas, que concluo que "A Lenda" é o que "Doze Homens" tenta ser, só que sem um elenco galáctico (bem, tem Nicolas Cage, Diane Kruger, Justin Bartha, Sean Bean, Jon Voight, mas não passa disso). Ambos possuem um estilo bem diferente. Quando um prima pela inteligência ("Doze Homens"), outro prima pela diversão pipocona ("A Lenda"). Ambos possuem peculiaridades, e,especificamente, falarei dessas do filme "A Lenda do Tesouro Perdido".

Benjamin Franklin Gates (Nicolas Cage) é um homem que passou a vida toda procurando por uma fortuna que poucos ousam acreditar que exista (quase uma lendmito). É o tesouro dos Cavaleiros Templários, conhecido por ser um dos mais valiosos da história da humanidade, escondido em algum lugar dos Estados Unidos. Por seis gerações, a família Gates o procurou seguindo pistas deixadas pelos Pais Fundadores da América e viajaram por todo o país atrás dele.

Agora, Benjamin Franklin Gates – Ben Gates – conseguiu uma revelação: as investigações de Benjamin sobre a localização deste tesouro fazem com que ele descubra que existe um mapa codificado escondido na Declaração de Independência dos Estados Unidos (ela tem a importância que o Cristo Redentor tem para o Brasil). Quando a notícia chega aos ouvidos de seu cruel adversário (que antes era amigo e parceiro de expedição), Ben Gates se vê diante de um terrível dilema: ser o primeiro a roubar o documento mais venerado da América, guardado pelo mais sofisticado sistema de segurança do mundo, ou deixá-lo cair em mãos perigosas.

Na corrida contra o tempo, rivais e autoridades, Gates une-se a Riley (Justin Bartha), seu divertido amigo especialista em computação e a divertida e sedutora Abigail Chase (e ainda Diane Kruger – a mais bonita de 2004), conservadora do Arquivo Nacional para realizar o impensado. Em uma sucessão de reviravoltas e muita ação – dos dutos de ventilação do Arquivo Nacional até às catacumbas sob a cidade de Nova York – as respostas são reveladas conforme Ben Gates desvenda o mistério por trás do maior tesouro nacional.

Quem lê a história pensa que não vai passar de um filmezinho que se esquece rápido. Não, não é bem assim. Ele consegue prender você na tensão, na expectativa, na ânsia. Bilheteria alta não quer dizer que o filme seja bom, mas ele foi bem aceito nos EUA. Tanto que permaneceu por três semanas consecutivas no topo do ranking norte-americano e acumulou cerca de US$ 124 milhões em apenas quatro semanas em cartaz no país, onde foi exibido em 3.203 salas de cinema. A crítica foi razoável, mas o que importa? Infelizmente, a crítica pega pesado com certos filmes medianos e isso acarreta um êxodo grande de cinéfilos (influenciáveis) do cinema.

A direção do filme é por conta de Jon Turteltaub ("Fenômeno", "Enquanto Você Dormia") e a produção é de Jerry Bruckheimer, que foi responsável recentemente pelos blockbusters "Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra" e "Rei Arthur" (que apesar de ser fraquíssimo, faturou bem aqui no Brasil). Falar que a "A Lenda do Tesouro Perdido" tem um quê de "Piratas do Caribe" é normal. É só reparar nas semelhanças de ambientes. Incrementando mais, podemos dizer que é uma mistura de "Piratas do Caribe" com "Indiana Jones". Óbvio que é muito aquém desses dois ótimos filmes, mas existem muitas semelhanças. Infelizmente, eles não sabem aproveitar as cenas finais do filme e caem na baboseira típica de filmes de caça tesouros (escadas de madeira que se quebram, tumbas e etc)

Falando das atuações, Nicolas Cage cumpre (?) seu papel. O diretor Jon Turteltaub resolveu explorar um pouco do lado comediante do ator e colocou várias tiradas legais, além da importante participação do engraçadíssimo Justin Bartha, para quebrar o clima de tensão que o filme proporciona em alguns minutos. Cage faz um nerd inteligente que consegue decifrar enigmas com muita facilidade, devido ao seu alto conhecimento sobre as lendas e histórias da humanidade (isso faz o personagem de Bartha ter um complexo de inferioridade engraçado). E quando ele junta-se a belíssima Diane Kruger, que faz uma conservadora do Arquivo Nacional, os enigmas são decifrados com mais facilidade (química interessante entre os dois, apesar da atriz não mostrar seu potencial). Jon Voight, que faz o pai de Ben, e também tem uma participação importante.

Apesar do filme desbancar em besteiras de escadarias a la "Indiana Jones" próximo ao fim, ele não deixa de ser um boa pedida. Não espere demais desse filme! Relaxe na cadeira e assista esperando uma diversão mediana (quem sabe você se surpreende e adora o filme, né verdade?). Cuidado para não dormir em algumas cenas ou ter um troço no coração nas cenas de ação, afinal, são esses altos e baixos que fazem esse filme ter uma nota mediana. Tudo é mediano nele, menos a beleza da Diane Kruger ,que é acima da média (ai, papai!). Pelo menos, esse filme serviu para salvar um ano de débitos para a Walt Disney Pictures. Força em 2005, Disney …

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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