Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 12 de novembro de 2005

Lisbela e o Prisioneiro

Depois do sucesso e reconhecimento em “O Auto da Compadecida”, Guel Arraes e sua trupe voltam com mais humor e personagens bem estudados e hilários, os quais se metem em várias trapalhadas e causam boas risadas.

Está mais do que provado que poucos no Brasil são como Guel Arraes, quando esse pretende meter seu dedo na feição dos personagens. Deixando-os bastantes reais e fiéis tal como seria um na vida real. As falas, diálogos e trejeitos são traçados de formas calculadas, para trazer risada ao cinema e identificação para com o expectador. Selton Mello também dá uma ótima ajuda para Guel, pois, quando inspirado, não há quem segure o rapaz com suas expressões, fazendo dele um interpretador coerente do papel que lhe é cabido.

Ao contrário de “O Auto da Compadecida” que foi primeiro feito em minissérie para TV e depois reeditado para as telas, “Lisbela e o Prisioneiro” foi direto para as telonas. Não muito engraçado, mas causador de ótimas expressões faciais em seus expectadores. Principalmente para aqueles que simpatizarem com o personagem de Bruno Garcia, que está muito bem, tal como seu companheiro Marco Nanini na pele do matador de aluguel Frederico Evandro.

Um filme dentro do filme, é o que retrata “Lisbela e o Prisioneiro”, além disso mostra todas as façanhas amorosas do trinagulo entre Douglas (Bruno Garcia), Lisbela (Débora Falabella) e Leléu (por Selton Mello). Ela adora ir ao cinema e sonha com seus atores prediletos das telonas, enquanto Leléu é um verdadeiro malandro das estradas que ganha dinheiro a custo de bicos e muito esperteza. Eles se conhecem e logo se apaixonam, fazendo a ira sucumbir Douglas. Além dessa tramóia, ainda se mete como um cruel e temido assassino, Frederico Evandro.

Dentre atuações medianas e ótimas, o elenco se mostra muito bem. Desfilando na coqueluche dos atores brasileiros, estão em destaque Selton Mello e mais um personagem brilhante, Bruno Garcia surpreendendo e Débora Falabella em atuação que não convenceu muito. Além do cast primário, André Mattos faz o Tenente Guedes de forma limitada, mas que a principio causa risadas; como seu fiel “parceiro”, vemos Cabo Citonho, encarnado pelo cearense Tadeu Mello. Suas piadas não vão causar plenitude, mas seus trejeitos são muito legais.

A celulóide só não demonstra um bom roteiro. É bem feito, mas peca pela simplicidade exagerada. Ao contrário da trilha sonora. Uma das mais perfeitas do cinema verde-amarelo nos últimos anos. A composição das trilhas tem um instrumental da banda de heavy-metal, Sepultura. A músicas da banda é o tema do personagem de Marco Nanini, causando um impacto maior ainda em sua interpretação. A música que mais fez sucesso foi a do famoso Caetano Veloso – quem não se lembra daquele refrão: “e agoooora, o que faço eu da vida sem voooocê…”? A voz de Zé Ramalho também é notada, ele faz uma parceria com o Sepultura, fazendo mais uma vez a banda aparecer no CD.

Se comparado a “O Auto da Compadecida” sobressai-se em algumas partes técnicas e fica muito abaixo em outras coisas. O principal foi bem retratado, que é o regionalismo da obra, tanto em termos de ambientação, quanto aos personagens. Não chega a ser um deleite para os olhos, mas é deveras valioso, sendo uma boa escolha para dar gargalhadas com seu par romântico.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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