Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 05 de março de 2006

Matador, O

Pierce Brosnan reaparece nessa simples comédia no papel de um divertido matador de aluguel e ostentando um bigode para lá de engraçado. No que se propõe a fazer, o filme atinge os objetivos. Vale a pena conferir, caso você esteja querendo fugir um pouco desse clima Oscar de mega produções.

O nome do filme faz jus direto ao personagem Julian Noble (Pierce Brosnan). Ele é um experiente assassino profissional que, ao fazer um trabalho na Cidade do México, acaba esquecendo seu próprio aniversário. A partir disso vê que sua vida é muito fora do comum por conta de sua profissão. Ele se vê sem amigos, sem mulher e, no mínimo, sem alguém para homenageá-lo em seu aniversário. Na noite desse dia, amargando tristeza e se embebedando, conhece Danny Wright (Greg Kinnear). Apesar de um início de amizade turbulento, eles acabam se conhecendo melhor e curtem um pouco a estadia na cidade. Porém, o caráter de Julian não é completamente aceitável por Danny e cada um volta para sua vida normal.

A comédia é simples e não tem nada de inovador. O roteiro é até interessante, mas detentor de muitos clichês. Algo até aceitável, pois filmes assim não são feitos para chamarem atenção por uma trama bem elaborada. O que deixa o filme bom são as boas e medianas atuações, os cenários, os diálogos e, para os menos acostumados em assistir muito filme, algumas surpresas que o roteiro pode apresentar.

Pierce Brosnan está bem em cena. Inclusive fora indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator de Comédia ou Musical desse ano por essa atuação. Até que mereceu estar nessa lista. Depois de muito tempo vendo-o como o Agente 007, sua atuação foi bastante interessante. Só que, mais uma vez, ele está matando gente, porém não a serviço da Coroa. 😉 Contrariando a atuação do protagonista, Greg Kinnear – que emprestou sua voz a um personagem do filme de animação “Robôs” -, não está tão bem assim. Tudo bem que seu personagem é afobado e elétrico demais, deu pra entender, mas precisa sem sempre elétrico demais? Bom, nada que tire a satisfação com relação à estória, mas dava pra ter sido melhor. Por fim, Hope Davis (que contracena com Nicolas Cage em “O Sol de Cada Manhã”) é pouco usada na trama, mas quando isso acontece, se porta normalmente. O filme só seria mesmo modificado se houvesse uma má atuação de Pierce Brosnan, o que não aconteceu.

A trilha sonora é comum. Nada que faça alguém querer comprar o CD. Mas, dentro do filme, ela é até agradável – mesmo assim, comum demais. As locações para as filmagens foram bem escolhidas. Na proposta do filme, é o que deveria ter sido realmente escolhido. Richard Shepard, o diretor e roteirista, acertou bem e deixou o filme agradável. Ele não é muito famoso, mas tem o costume de levar o piano sozinho nas costas quando vai fazer um filme, afinal, em 1999, ele dirigiu, roteirizou e produziu “24 Horas Para Morrer”, que inclusive conta com Adrien Brody no elenco. Dessa vez, em “O Matador” ele só não foi o produtor.

Mesmo com alguns erros – muitos erros mesmo só os de continuidade -, o filme pode até agradar o público menos exigente. Uma boa pedida para sair do tom Oscar ou para quem procura uma comédia que não seja pastelona ou que não chame a atenção por aqueles shows visuais ao estilo Jim Carrey. Sabe aquele domingo à tarde, chuvoso, sem futebol na TV? “O Matador” se encaixaria bem nesse clima. Nada de pensar que ele é um filmaço, combinado?

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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