Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 26 de maio de 2008

Mulheres Perfeitas (2004): um filme que não diz a que veio

O filme é um colírio para os olhos se escrevermos somente sobre as mulheres, porém, o conjunto da obra fica muito aquém da beleza das 'Mulheres Perfeitas'. Faltou só um pouco mais de ousadia ....

O filme ‘Mulheres Perfeitas’ tem um ingrediente afrodisíaco que consegue atrair muitas pessoas aos cinemas: Nicole Kidman. Aliás, quem conferiu pelo menos o trailer (você pode conferir na ficha técnica), pode notar que o filme tem muitos ingredientes atraentes (principalmente para os homens). Um apanhado de loiras e morenas na mais alta qualidade física, que é o pré-requisito fundamental para a cidade de Stepford. O que não quer dizer muita coisa, porque são um bando de filés com cérebro de bila.

A história do filme gira em torno da jovem, bela, encantadora, 100% dedicada a profissão na TV, Joanna Eberhart (Nicole Kidman). Ela comanda a rede de televisão EBS e esta, por sua vez, é conhecida no mercado por produzir programas diferentes e que envolvem muito além de textos escritos: reality shows. Entre eles é um programa em que um casal se separa por uma semana numa ilha onde são tentados cada um a cometer a traição. No final da semana o casal, separadamente, diz se quer continuar com o relacionamento ou se fez algo de errado durante a semana (nhugo nhugo meu povo). Do lado do homem tem uma bela morena que tentou durante toda semana seduzi-lo para que cometesse o pecado (duh!) e do outro lado tem a mulher que foi tentada por um grupo de pessoas (principalmente homens fortes e sarados) que participa de um filme pornô. A morena não conseguiu êxito porque o homem sempre foi apaixonado por sua esposa e não via a hora de acabar aquele reality show. Por outro lado, sua esposa não conseguiu agüentar e arrochou a mandioca com um fortão do filme pornô.

Isso tudo foi mostrado numa apresentação de Joanna Eberhart para uma grande platéia, porém o homem corneado do reality show aparece durante a apresentação e diz que ela não podia ter feito aquilo. No final das contas ele dá uns tiros em direção de Joanna, mas não acerta nenhum. O caso repercutiu muito mal na emissora e outros casos semelhantes já aconteceram. A empresa era capaz de entrar em falência por causa das indenizações milionárias dos danos causados as cobaias dos reality shows. Joanna, a estrela, acaba sendo demitida pela ‘big cojones’ da emissora.

Acabada, destruída, depressiva e totalmente desmotivada são algumas palavras que definem como ela ficou. Até que seu marido, Walter Kresby (Matthew Broderick), vice-presidente da emissora, pede demissão em sinal de companheirismo a Joanna. Eles, que são mal casados devido ao trabalho de Joanna, decidem ir para uma cidade calma, onde podem recuperar a energias e tentar recuperar o casamento que não anda muito bem. A cidade escolhida foi Stepford, em Connecticut, onde as esposas de lá sempre fazem tudo o que os maridos mandam e sorriem 24 horas por dia. Ela até tenta se adaptar a nova cidade e hás mulheres perfeitas (para os maridos, diga-se de passagem), mas em vão. Depois de vários furos, ela começa a desconfiar que há algo de errado com essas mulheres. Joanna começa a investigar o caso e descobre a existência de um plano que evita os problemas familiares.

Durante todo o processo de adaptação e início de investigação ao local ela faz amizade com o gay (no filme) Roger Bannister (Roger Bart) e a escritora e desleixada Bobbie Markowitz (Bette Midler). O que eles percebem é que todas as mulheres têm semelhanças com Claire Wellington (Gleen Close): são lindas, felizes e singularmente criativas em suas habilidades.

Interessante? É, mas só Nicole Kidman salva este mal utilizado filme. Eu ainda não entendi qual gênero pode ser titulado para este filme. Uns dizem que é comédia, outros dizem suspense, outros “suspense bem-humorado”. Sei lá, não dei mais do que 3 ou 4 risadas durante todo o filme. Ele tem a premissa de ser uma ótima comédia, mas acho que o objetivo era mais focar na crítica as “mulheres pau mandadas”. O filme até consegue passar a mensagem legal, mas a eternidade de clichês e a singular interpretação perfeita (pra variar) de Nicole Kidman são fatos claros durante a exibição da fita. Ela é quase uma Barbie quando se transforma numa ‘Stepfordiense’, aliás, tod mundo lá possui um “q” de Barbie.

Eu não quero comentar a participação dos homens porque não tem o mínimo sentido, só estão lá para completar a cena. Não acrescentam em nada ao filme e até o regular Christopher Walken (Mike Wellington) também não contribui para uma melhor participação da ala masculina. Fizeram uma espécie de clube de bolinha em Stepford onde eles jogam “briga de robô”? Minha nossa, que clube mais brega.

A produção é uma refilmagem de ‘Esposas em Conflito’ (The Stepford Wives, 1975), filme dirigido por Bryan Forbes e roteirizado por William Goldman. Katharine Ross (Joanna Eberhart), Peter Masterson (Walter Eberhart) e Paula Prentiss (Bobbie Markowe) foram os protagonistas dessa primeira versão. Os produtores de cinema não tiveram interesse em fazer uma continuação do filme e sim uma espécie de remake. Tanto que na apresentação do filme existem umas cenas bem antigas das versões anteriores (ela também foi uma série para televisão em 3 edições com o nome ‘Revenge of the Stepford Wives’ – A Vingança das Esposas de Stepford).

‘Mulheres Perfeitas’ tem umas pitadas de críticas em várias cenas que são percebidas com facilidade, como a acomodação dos homens e a falta de interesse das mulheres em se libertar da jaula produzida por seus maridos. Eu que não queria que meu filho fosse criado pelas “mulheres perfeitas” desse filme. Mimados, parece até que foram criados pela vó. Eu nem queria recomendar o filme, mas vou ficar no meio termo e deixar para vocês escolherem. Espera sair em DVD ou Vídeo que vale mais a pena.

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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