Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 21 de outubro de 2005

Plano de Vôo

Um suspense de tirar o fôlego e que nos prende na poltrona do início ao fim aguardando com muita ansiedade o resultado da ótima trama.

Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, vários anos se passaram até que voltassem a produzir suspenses que se ambientassem dentro de um avião. É com muita felicidade que "Plano de Vôo" tenha sido o primeiro a ter o mérito de ser considerado um suspense de primeira, com muita inteligência e reviravoltas de deixar qualquer um com a ânsia de saber o desenrolar da história. Com a excelente Jodie Foster de volta aos cinemas depois de 3 anos, o filme trás, além dela, um elenco de base não tão famoso, mas que ultimamente têm feito sua parte com sucesso em ótimos longas.

Apesar da maior parte do filme se passar dentro do avião, a fotografia também merece destaque. Fora a interpretação e o roteiro, a fotografia é essencial para dar mais sustentação ao suspense, e em "Plano de Vôo" ela foi excelente. Com tomadas de precisão, torna a história, a cada minuto que passa, ainda mais séria.

Jodie Foster como sempre perfeita em seu papel. O mesmo exige um pouco da atriz que tem que se virar entre satisfação, tristeza e desespero. O suspense psicológico aplicado sobre a personagem é enorme, e Jodie Foster soube tirar isso de letra. Peter Sarsgaard, que interpreta Gene Carson, um oficial à paisana responsável pela proteção dos passageiros, está mais misterioso do que nunca, sempre ali pronto pra ajudar, mas nunca deixando o fato de parecer suspeito, assim como seu papel em "A Chave Mestra". Sean Bean finalmente interpreta um personagem bom. Depois de sua ambição como Boromir em "O Senhor dos Anéis" e sua ganância em "A Lenda do Tesouro Perdido", agora ele faz o papel do atencioso Capitão Rich e mais uma vez ele supera as expectativas. Erika Christensen está um pouco apagada na trama. Talvez você não a conheça pelo nome, mas ela é aquela garota má de "Fixação". Em "Plano de Võo" ela faz o papel da aeromoça Fiona, que sempre está ali de prontidão, mas que não interefere em nada.

O suspense do filme gira em torno do estranho desaparecimento da filha de Kyle Pratt (Jodie Foster) dentro do avião. Tudo piora quando nenhum dos quatrocentos passageiros teriam visto a garota durante o vôo. Em uma atitude desesperada, Kyle provoca um multirão em busca da sua filha desaparecida. A trama trás uma reviravolta quando se descobre que há muita coisa por trás do desaparecimento de Julia Pratt.

Um suspense dentro de um avião, depois dos atentados e o medo que os americanos têm de novos ataques terroristas, não podia faltar o tema do preconceito, quando Kyle desconfia de dois árabes. A situação piora quando o preconceito atinge outros passageiros que tentam de alguma forma agredir os dois passageiros.

O mais interessante do filme é que quando você pensa que nada dá certo para a protagonista, a tendência é só piorar e quando vemos mais adiante, o drama do desaparecimento trás consigo outro problema de graves conseqüências. Então o suspense toma um ar investigativo e todo o filme passa a ser focado em outro personagem.

Talvez o pecado teria sido a fragilidade, quem sabe possa se considerar até uma tolice no desenrolar da segunda trama. Não vou dar mais comentários sobre ela, pois não vale a pena divulgá-la. Apesar de tal fragilidade, nada compromete o filme que, sem dúvida alguma, é um dos melhores suspenses do ano.

Bruno Sales
@rmontanare

Compartilhe

Saiba mais sobre