Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 03 de janeiro de 2006

Produtores, Os

Uma comédia um tanto diferente do que o público está acostumado a ver. “Os Produtores” acerta em vários aspectos, mas não deixa de errar em alguns outros. Um filme divertido que provoca boas risadas, mas pode se tornar um pouco entediante para o espectador que não se identifica com a maneira que a trama é contada.

Tudo começa quando o produtor da Broadway Max Bialystock se encontra afundado em seus fracassos, ouve um comentário de seu contador, Leo Bloom, e chega à conclusão que produzir uma peça fadada ao insucesso pode ser mais lucrativo que lançar um espetáculo que agrade ao público. Depois disso, Max convence Leo a embarcar com ele nessa nova jornada e produzir a pior peça que já existiu. Assim, eles sairiam logo de cartaz e ficariam com o dinheiro destinado à produção.

Os dois produtores, então, se deparam com o roteiro que julgam ser o pior já escrito, “Primavera Para Hitler” de Franz Liebkind (brilhantemente interpretado por Will Ferrell) e contratam Roger De Bris, um diretor de teatro gay, para assumir o espetáculo. O que tinha tudo para dar errado, no entanto, acaba agradando o público, que se encanta com a inovadora maneira de mostrar Hitler (o cruel nazista é mostrado de forma, digamos, efeminada). “Primavera para Hitler” torna-se um sucesso.

O golpe ousado de Mel Brooks (produtor do filme) está em ter adaptado para as telonas uma história que fez bastante sucesso nos teatros da Broadway e mantê-la como musical, gênero pouco explorado no cinema atual. “Os Produtores” pode ser descrito na verdade como uma comédia-musical, trazendo canções interpretadas pelos próprios atores, que não fazem feio nesse quesito.

O protagonistas Matthew Broderick (o eterno Ferris de “Curtindo a Vida Adoidado”) e Nathan Lane (mais conhecido como o companheiro de Robin Williams em “A Gaiola das Loucas) estão bastante à vontade nos papéis principais e Uma Thruman também não decepciona como a secretária/aspirante a atriz sueca Ulla. O elenco coadjuvante, no entanto, é o responsável pelas melhores cenas do filme. Will Ferrell está hilário como o escritor neonazista obcecado por pombos e Gary Beach arranca gargalhadas como Carmen Ghia, membro da equipe de direção.

Em matéria de “segurar” o filme, tarefa dos dois protagonistas, não pode passar despercebido o grande potencial cômico de Natahn Lane, que mostra-se um exímio comediante, daqueles que conseguem provocar o riso com apenas uma expressão facial.

O público vai perceber que o ritmo do filme, apesar de ser tratar de uma comédia, é um tanto lento. Isso se deve, talvez, a presença de muitos números musicais, algumas vezes desnecessários. Ao total, são mais de 120 minutos de história, que poderiam facilmente ter sido “enxugados” em pouco menos de duas horas. O filme só teria a ganhar, já que ficaria menos cansativo sem haver nenhum tipo de prejuízo para a trama.

A história, no geral, é uma comédia escancarada, chegando em alguns momentos a beirar o “nonsense”. O humor não é apelativo, o que conta muitos pontos positivos para a produção, mas algumas vezes é preciso um olhar mais apurado para apreciá-lo. Do ponto de vista do puro entretenimento, “Os Produtores” cumpre seu papel dignamente, tendo em vista que foge do que estamos acostumados a ver nesses moldes atualmente e ainda assim consegue agradar.

Quem tiver tempo disponível para ver uma comédia cujo único e principal propósito é fazer rir, pode ir tranqüilamente ver “Os Produtores”. Não custa nada (ou melhor, quase nada) dar uma chance para o filme. Para os que ficarem insatisfeitos com algum aspecto, têm garantidas, pelo menos, algumas boas gargalhadas. Para os fãs de musicais, está aí um bom espetáculo.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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