Pronto! Assistir esse filme é o que faltava para eu poder desferir elogios para o ator Terrence Howard sem medo algum. Ele vem sendo bastante usado ultimamente. Elogios por parte da crítica não faltam para ele nesses trabalhos. Entretanto, não o tinha visto em um papel principal, com um personagem que precisasse muito do ator, por isso não saia elogiando-o “à torta e à direta”. Ele realmente é bom. Fez esse papel interessante, recebeu uma boa direção de Craig Brewer (que também assina o roteiro), mas seu talento para que tudo funcionasse foi essencial. Sem medo de errar digo: o filme é 80% Terrence Howard. Não que os outros tenham se escorado em seu trabalho, pelo contrário, o resto do elenco também está muito bem, mas se Howard não tivesse sido como foi, o filme também não teria sido tão bom como foi. Ele não apaga nenhuma outra atuação, pelo contrário, ele as da vida ao passo que cria um clima prazeroso para assistirmos a trama do filme.

A idéia central do filme gira em torno de DJay (Terrence). Ele é um – como posso dizer? – administrador de prostitutas (espero que tenha soado melhor do que cafetão). Além de arranjar emprego para as suas três garotas e receber o dinheiro pelos afazeres delas, ele gerencia um tráfico. É assim que DJay tira seu sustento diário. Porém, quando fica sabendo que Skinny Black, um rapper famoso crescido na comunidade, vai passar o feriado de 4 de Julho por lá, ele resolve se juntar a alguns amigos para gravar uma música e entrega-la a Skinny. O seu propósito é, além de realizar o sonho de tocar nas rádios, viver de uma forma que não seja fora-da-lei. Para alcançar seu objetivo DJay tem que renunciar de várias coisas, bem como expulsar uma de suas prostitutas de sua casa por ela estar se colocando como um empecilho para o seu sonho.

Nessa de renegar algumas coisas da vida e ter de fazer outras por obrigação, DJay se esforça ao máximo e consegue gravar uma música. A música é sobre o seu dia-a-dia; as coisas que tem de fazer para sobreviver; sua vida de cafetão. Ela se chama It's Hard Out Here For A Pimp e foi gravada exclusivamente para o filme. Confesso, tive que escuta-la diversas vezes, haja vista que sempre me perco na terceira palavra desses raps. Fui escutando, escutando e realmente passei a gostar da música. Tal como o filme. Mesmo com um começo um pouco chato, quando você mal espera, já está envolvido e seu único objetivo é saber o desenrolar da vida do personagem DJay e seus amigos.

Como dito antes, o elenco está muito bom. Talvez sacudidos pela performance de Terrence, todos foram bem, principalmente as atrizes que fazem as três prostitutas de DJay: Taryn Manning como Nola, Taraji P. Henson no papel da grávida e sensível Shug e Paula Jai Parker encarnando a bruta Lexus. Não vejo como o trio poderia ter sido melhor. Eles transmitem o essencial dos seus personagens para a trama ficar bem encaminhada (e esse é realmente um roteiro que precisa de bons personagens). Vale dizer que elas não estão totalmente impecáveis, porém cada uma compensa alguns pequenos deslizes da outra e as falhas passam despercebidas.

Infelizmente, o filme não é digno de mais elogios pelo seu desfecho bonitinho demais. Ele também peca no tocante à duração, pois poderia ter sido um pouco mais longo, dessa forma alguns fatores da história poderiam ter sido melhores apresentados. Esses dois erros fazem “Ritmo de um Sonho” um filme bom beirando ao excelente, mas que vai ser esquecido daqui um tempo por ser carente de mais emoção, mais sentimentos – tudo culpa desse final enfeitadinho demais. Entretanto, algo que vai demorar bastante para ser esquecido é a atuação de Terrence Howard, pois era o trabalho que faltava para todos se renderem a brilhante fase desse eficiente ator.