Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quarta-feira, 13 de abril de 2005

Silêncio dos Inocentes, O

Dificilmente um outro filme de suspense vai conseguir proeza igual em agradar ao público e à crítica ao mesmo tempo. Excelente filme! Clássico!

Sabe aqueles filmes que mesmo com o passar do tempo não envelhecem e ainda conseguem surpreender muita gente? Este é o caso “O Silêncio dos Inocentes”. Este filme ganhou o Oscar de Melhor Filme, Diretor, Ator (Anthony Hopkins), Atriz (Jodie Foster) e Roteiro Adaptado, além de ter concorrido nas categorias Montagem e Som. Sem dúvida nenhuma, “O Silêncio dos Inocentes” marcou a história do cinema e virou referência para muitos outros longas do gênero.

O filme conta a história de uma policial estagiária do FBI, Clarice Starling (Jodie Foster). Ela é uma das melhores em sua área e é sempre destaque em vários seguimentos da organização. Ao ser chamada por seu chefe e atual tutor, ela fica sabendo que terá que tentar arrancar informação de um brutal assassino que está preso, Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), conhecido como “O Canibal”. O intuito desta “conversa” seria coletar informações que fizessem com que um assassino em série que está à solta, fosse preso. Este é conhecido como Bufallo Bill, um homem cruel que seqüestra e mata mulheres arrancando sua pele e órgãos.

Jodie Foster, no início, tinha medo de contracenar com Anthony Hopkins. Certamente, não à toa. Ele está fascinante no papel de Dr. Lecter. Bem como assustador, insano, irônico, maníaco e brilhante. Estes são alguns dos adjetivos que Anthony Hopkins recebeu ao ser premiado com o Oscar de Melhor Ator. Sem dúvida nenhuma ele interpretou um dos maiores vilões de todos os tempos. Dr. Hannibal Lecter é muito inteligente. Consegue deduzir coisas com uma simples informação. Tanto que ele, com poucas instruções, descobre quem é Bufallo Bill e o porquê de Clarice ser do FBI.

“O Silêncio dos Inocentes” possui muitas cenas chocantes. Dá para perceber que esta era a intenção do cineasta Jonathan Demme. Ele quis chocar, mas não frustrar os seus espectadores. Na cena em que Dr. Lecter ataca um policial, por exemplo, é bastante forte, mas há um enigma por trás daquilo, que se revelaria logo após a este ataque canibal.

O interessante é que antes de Jodie e Hopkins serem chamados para os papéis, outros dois grandes atores foram convocados. Gene Hackman e Michelle Pfeiffer, felizmente, não aceitaram. Penso que depois de todo o reconhecimento dado à dupla de “O Silêncio dos Inocentes”, Michelle e Hackman ainda devem sentir as dores do arrependimento por não terem aceitado os papéis. Talvez ela ficasse bem no lugar da policial do FBI, porém Hackman não teria chances, pois Hopkins é o ator perfeito para o papel do temível canibal.

“O Silêncio dos Inocentes” é uma obra "mais-do-que-recomendadável". Os diretores de “Seven – Os 7 pecados capitais”, “Colecionado de Ossos”, “Beijos que Matam” assistiram a esse filme antes de produzirem seus respectivos. Este é um modelo de longa-metragem que foi usado em vários outros. Raramente veremos um igual e que chegue a ser comparado com tal proeza.

Por mais que este filme contenha violência, ela consegue não ser tão bizarra como em “Hannibal”, que é a continuação de “O Silêncio dos Inocentes”. Creio que a troca da direção de Jonathan Demme para Ridley Scott foi o principal fator de “Hannibal” possuir um ar de explícito. Nada que tire o brilho do filme e de Hopkins, mas gostaria de ter visto como este ficaria com a direção de Jonathan Demme.

Hopkins, quando foi questionado em uma entrevista da FOX sobre Dr. Lecter nunca piscar os olhos respondeu: “O principal aspecto do Lecter é ser penetrante… ele é penetrante… ele tem uma mente poderosa, ele é evasivo. Na cena do interrogatório com Clarice, na cena da cela, ele a investiga e nunca perde o controle sobre ela. Investiga o tempo todo. Por isso ele é penetrante “.

Infelizmente nós vemos alguns erros um tanto quanto bizarros, como quando Clarice está no porão da casa de Buffalo Bill, podemos ver um fio segurando o mosquito que está voando ao redor de uma lâmpada. Outro erro clássico é a cena do tiroteio final entre Clarice e Buffalo Bill, onde pode-se ouvir o som de balas caindo no chão. Os dois estão usando revólveres, portanto, a munição gasta não deveria cair, mas sim ser disparada. Felizmente tem-se que ser muito detalhista para notar este tipo de coisa. Que são erros clássicos, são, mas nada que atrapalhe o brilho desta produção.

Uma coisa em que eu tenho que concordar com a crítica: dificilmente um outro filme de suspense vai conseguir proeza igual em agradar ao público e à crítica ao mesmo tempo.

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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