Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

Terminal, O

Um humor discreto e um drama envolvente faz de "O Terminal" um ótimo filme para aqueles que estão à procura de algo mais leve.

"O Terminal" é o típico filme que nos prende pela emoção. Ele é capaz de nos fazer sorrir e chorar em uma mesma cena. Chorar pode ser um pouco exagerado, mas o filme consegue envolver aquela pessoa que consegue se deixar levar pela história. Você alguma vez já se pegou xingando ou indignado com algum acontecimento em um filme? Pois pode ter certeza que você passará por algum momento assim durante "O Terminal".

Tom Hanks vive Viktor Navorski, um homem simpático que se vê em uma situação constrangedora quando descobre que seu país sofreu um golpe durante sua viagem aos EUA e que não poderá desfrutar de um passeio pela cidade de Nova York. Tendo seus documentos detidos, Viktor terá que viver por uns tempos no aeroporto. Até que a guerra acabe em seu país, ele passa por maus bocados na mão do responsável pela segurança do aeroporto, Frank Dixon (Stanley Tucci). Superando desafios e armadilhas, Viktor faz novas amizades, como a bela aeromoça Amelia Warren (Catherine Zeta-Jones) e passa seus dias sonhando com que tudo volte ao normal.

O filme é baseado em uma história real. Um Iraniano chamado Merhan Nasseri foi impedido de pisar em solo inglês e teve que passar um tempo no aeroporto Charles de Gaulle em Paris depois que teve seu passaporte de refugiado das Nações Unidas roubado. As autoridades francesas não permitiram a sua saída do aeroporto, tendo assim que viver uns dias no Terminal Um.

Spielberg e Hanks sempre fizeram uma dupla genial, uma prova disso é o incrível "O Resgate do Soldado Ryan". Que os dois trabalham muito bem juntos não é surpresa, mas algo diferente ocorre quando Spielberg foge um pouco do seu estilo ao dirigir essa comédia dramática. Nos surpreende saber que o cara por trás disso tudo é o mesmo que explodiu milhares de pessoas em um filme anterior. O humor que segue o drama vivido pelo protagonista é inteligente e divertido. O romance também existe, apesar de ser um pouco clichê, mas para a nossa felicidade com um ótimo resultado.

Hanks na pele do visitante consegue ser satisfatório, em alguns momentos nos faz rir à toa, mas em outros nos deixa impregnado com o jeito e o sorriso bobalhão estampado no rosto em boa parte do filme. Apesar disso, creio que não há ninguém melhor para o papel. Talvez Hanks se saia melhor em papéis sérios como Mike Sullivan em "Estrada para Perdição" ou Paul Edgecomb em "À Espera de um Milagre".

O roteiro, a cargo de Andrew Niccol e Sacha Gervasi levanta sérias questões a respeito da entrada de imigrantes ilegais e a possível ameaça terrorista no país, tendo como o segundo seu ponto alvo. A todo o momento é mostrado o responsável pela segurança chamando atenção para vários passageiros ilegais, portando drogas e agindo de forma estranha. Por fora das questões terroristas tão abundantes, algumas falhas podem ser percebidas no roteiro e que nos permite indagar alguns pontos chaves, como a nova língua que Viktor tem que aprender, no caso o inglês.

Destaque para a fraca trilha sonora que nos faz lembrar de clássicos como "Esqueceram de Mim" e até mesmo alguns filmes da Disney, o que não corresponde a certos momentos do filme. Posso estar exagerando, até mesmo porque filmes assim não exigem uma trilha excepcional, mas acho crucial para o desenrolar da história que ela seja pelo menos bem selecionada.

Apesar dos erros comuns, o filme é uma boa pedida. O elenco de apoio é ótimo e consegue dar uma pitada a mais de humor. A trama é envolvente e no final das contas a gente acaba torcendo pra que tudo dê certo com Viktor Navorski.

Bruno Sales
@rmontanare

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