Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 26 de março de 2006

Uma Comédia Nada Romântica

Com o propósito de animar usando o humor pastelão já conhecido, “Uma Comédia Nada Romântica” se perde bestamente e desanima até os mais fãs de filmes como “Todo Mundo em Pânico”.

Com dois dos seis roteiristas do muito conhecido “Todo Mundo em Pânico” e suas seqüências, o filme é um atrativo para aqueles que gostam do chamado humor pastelão que ganhou vez com as atuações estranhas de Leslie Nielsen na famosa franquia “Corra que a Polícia Vem Aí” (1, ½, ¾ e 1/3, enfim… todos esses subtítulos) e alguns outros filmes. Realmente o propósito é fazer rir a partir de paródias, piadas que envolvam sexo, drogas ou sátiras a programas da TV norte-americana. O velho e conhecido humor americano.

Com certeza, muitos quando vêem esse filme em cartaz acabam indo ao cinema sem expectativa alguma de ver um bom filme ou um filme que encante, isso é fato. Vão para assistir a um conjunto de “tosquices” fantasiado de comédia que fazem comédia com filmes que não foram lançados com esse intuito. Porém, em Uma Comédia Nada Romântica, os alvos são mesmo os filmes de comédia e suas vertentes: comédia romântica, comédia cotidiana e etc.

O principal filme a ser utilizado é “O Diário de Bridget Jones”. Na paródia em vez de Bridget Jones vemos uma garota gorda demais chamada Julia Jones que busca seu príncipe encantado (oooooh!), como não consegue sozinha, pede auxilio ao garanhão Hitch (paródia ao filme de Will Smith, “Hitch – O Conselheiro Amoroso”). Confesso, é legal ver o Tony Cox (o anãozinho de “Papai Noel às Avessas”) zoando como Will Smith e depois como aquele cara da MTV que faz tunning em carros. Porém, o filme começa a se perder com o desenrolar a partir daí. Ela encontra seu príncipe (oooooh! – novamente) e começam as misturas escrachadas de paródias, como: Casamento do Meu Melhor Amigo, Diário de uma Princesa e, principalmente, Entrando Numa Fria. É com esse último filme que as piadas ficam mais bestas. Que dizer, se é que ficar fazendo piadas nojentas, como com “gases” (sim: peidos), por exemplo, seja piada interessante. É de se rir forçado mesmo. Além de todos esses filmes o roteiro ainda busca espaço para brincar com Senhor dos Anéis – forçadamente –, Sr. e Sra. Smith – bestamente -, King Kong – a melhor paródia -, dentre outras besteiras mais.

As atuações são ruins demais. Não sei nem como falar, mas tudo bem que não é um filme para boas atuações, então deixa pra lá. Esses atores devem ganhar razoavelmente bem pra fazerem besteiras do tipo. E eu aqui, escrevendo crítica! O certo é que eles ficam marcados por essas bobagens e dificilmente se desvencilham delas. Bem feito para eles!

Maldito dia que resolveram fazer piada de filmes de comédia, afinal, fazer piada de filme de terror é bem mais interessante. Por essa e por outras, Todo Mundo em Pânico continua sendo referencia no humor pastelão. Corra que a Polícia Vem Aí também tem sua área.

Se for pra fazer rir através de propostas bestas, que se esforcem bastante para não caírem na babaquice como caiu Uma Comédia Nada Romântica. É certo não esperar nada de inovador em filmes com essas premissas, mas também algo tão ruim não é bom de se ver, mesmo que seja em um filme de humor tão escrachado quanto.

Algumas cenas do filme acabam tirando célebres frases da boca dos pacientes espectadores, tais como: “Era melhor ter ido ver o filme do Pelé!” ou um simples “dãããããããã!”. Talvez o abono do filme seja a sátira engraçada que fizeram a King Kong no final e o nome de um dos protagonistas, no caso, Bernie Funkyerdoder, que avacalha com o nome do personagem Greg Focker (Ben Stiller), de “Entrando Numa Fria”. Além disso, nada mais. Pode jogar no lixo. Não, não! O lixo é ainda bom para receber coisas do tipo.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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