Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 18 de setembro de 2005

Vôo Noturno

Pelo trailer, parece ser bom. Os materiais de divulgação também causam expectativa. Humrrum, é ruim mesmo.

“Hey.” Isso que você está lendo é uma crítica, viu? Bizarro eu te chamar a atenção para isso. O negócio, é que eu fiquei tão intrigado e achei tanta graça no momento em que a protagonista era perseguida pelo assassino e, quando tem a chance de tirá-lo de sua cola, faz o favor de chamá-lo com esse singelo “Hey.” antes de atirar um jarro em sua cabeça. Diante desse fato inicial, podem ter certeza, o filme não agrada. Quer dizer, não agrada pela real intenção a qual ele foi feito. Seus erros e mediocridades fazem rir que é uma beleza! Agrada por isso.

Estranho você ir ao cinema com a sensação de estar prestes a assistir a um filme prazeroso, legal, que cause suspense, te prenda, entretanto, se depara a uma comédia. Sim, comédia! Não que o diretor Wes Craven (da série “Pânico”) quisesse fazer uma comédia, mas se você prestar bem atenção nas cenas, no desenrolar, na maneira que ele explica algumas coisas, se torna uma comicidade. Então, com essa critica, salvo os ávidos expectadores de suspense, dou uma dica para aqueles que procuram algo que faça rir.

A idéia central do filme se compõe entre dois protagonistas: Lisa Reisert (Rachel McAdams, de Meninas Malvadas) e Jackson Rippner – o espantalho em ‘Batman Begins’. Ela é dona de um hotel, e em pleno vôo, ela tem que fazer algumas exigências impostas por ele, o assassino – é, acho que ele é um assassino. A partir desse fato, outros fatos vão se desenrolando, mas todos interligados; dependentes. O filme peca por não deixar algumas coisas explicadas. Como, por exemplo, o que na verdade representa a família alvo dos assassinos para o mundo, pois notem bem a segurança mais do que especializada disponível para eles, entre outras coisas. Será que a família é algo do tipo Silvio Santos? Enfim, se a moça não fizer o que Jackson quer, um outro matador está nas imediações da casa de seu pai a ponto de receber o sinal para executar sua tarefa.

A sinopse parece ser boa, mas, a película não chega nem aos pés dela. Muito mal explorada, poucos oitenta e cinco minutos de duração e com diversos erros de continuidade. O que era pra ser pelo menos bom, se torna péssimo. Sem falar nos diálogos mal colocados, alguns atores ruins, falta de sustos e etc. É verdade que Cillian Murphy rouba as cenas iniciais e se torna uma das únicas coisas que chamam atenção no clímax principal. O ator tem um jeito de psicopata, daqueles bem serial-killer, que dá gosto de ver. Com caras e bocas muito versáteis, ele torna o ‘bandido’ bem natural. Ao contrario de Rachel McAdams, a ‘mocinha’. Ela até começou bem, mas foi caindo, caindo, caindo, até o chão ser o seu limite. Inicialmente misturava uma voz branda com intuitos nervosos. Depois, se transformou em uma voz tão branda, que na hora de demonstrar raiva e medo, pareceu que nada demais estava acontecendo – digo isso pelo fato de calmamente ela falar ao telefone com a atendente do 911, essa que por sua vez, dá uma desculpa esfarrapada que, venhamos e convenhamos, só lendo a legenda para crer.

O ciclo de análises pode ser fechado com a interpretação de Brian Cox, que viveu o pai da moça. Não que a interpretação tenha sido uma das melhores, porém, mesmo estando pouco tempo na trama, cumpriu sua missão. Uma estranhosidade sobre o personagem não remete muito diretamente a ele, e sim, pela maneira como fora creditado no filme (vide créditos finais, vulgo ‘letreiro’). Porque simplesmente credita-lo como Pai? Hajavista que, nas fichas técnicas, aparece o nome do personagem – Joe Reisert. Se bem que, se não me engano, o nome dele não é mencionado em nenhum momento do filme. Aí surge outra estranhosidade, porque colocar o nome do personagem nas fichas técnicas? Ah, enfim, não vamos perder tempo com essa besteira, afinal, o filme é cheio de coisas bizarras e mais interessantes para comentar entre seus colegas.

Outro ponto que vale salientar é a “velhinha do livro”. Ri tanto quando ela exclamou: “Oh! Cadê meu livro.” Não pelo fato de ela ter perdido o livro, mas, pelo jeito e por quem foi feita a pergunta causadora dessa frase. Como falei em erro e mediocridade (e olha que esse filme vai render para a sessão Pérolas), que bizarro uma cena de um local pegando fogo. Imagine um fogo artificial da semana olímpica de seu colégio… Foi pior! Caros leitores, nobre colegas (discurso de CPI!?) poupem-se de tal situação. Tem tanta coisa na vida que podemos aproveitar. Afinal, a vida é bela!

Reflitam: porque era preciso fazer a família alvo mudar de quarto e armar todo aquele plano – que culmina no enredo do filme, – se o grupo assassino poderia muito bem detonar o alvo de qualquer canto? Afinal, eles ostentavam uma gigantesca bazuca.

No final, juntando uns pontinhos pelo trabalho de Cillian Murphy, outros pelo material de divulgação e alguns poucos pela encruzilhada Mocinha-Assassinho-FamíliaSilvioSantos-PaiDaMocinha. Tirou um quatro na média da cotação. Opa, faltou a carismática “velhinha do livro”… Cinco e não se fala mais nisso!

“Hey.” Acabou.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

Compartilhe

Saiba mais sobre