Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Vovó… Zona 2 (2006): a prova de que Hollywood tem problemas

Um filme fraco, ruim, horroroso, péssimo, sem graça, mal feito, ineficiente e completamente desprezível. Tudo bem, ele não é isso tudo, mas é um pouco de cada.

Esse é um filme que foi lançando com o público já sabendo que seria uma bomba. O original (Vovó…Zona, de 2000) já era ruim de doer, aliás, ruim é pouco. Totalmente sem graça, uma bobagem sem tamanho. Talvez por ser novidade na época, o filme tenha conseguido um relativo sucesso nas bilheterias. Infelizmente, filme ruim quando faz sucesso em bilheteria, com certeza acarreta uma seqüência (geralmente é bem pior que a primeira versão, leia-se, Doze é Demais 2 e Triplo X 2). E para piorar tudo, ele faturou mais do que o original na primeira semana de estréia nos EUA (U$ 28 milhões, contra U$ 25 milhões). É por isso que o americano continua sendo o povo mais besta desse planeta. Estou com medo que venha um terceiro filme (o final propõe algo do tipo, como se tivesse acabado um episódio do seriado).

Nesta seqüência, Malcolm (Martin Lawrence) sai com a missão de encontrar o suspeito de criar um vírus de computador letal que permitiria que forças inimigas tivessem acesso a arquivos importantes do governo. Infelizmente, a única maneira que o “astuto” agente possui para se aproximar do criador do vírus, Tom Fuller (Mark Moses), é entrando em sua casa em Orange County para trabalhar como “babá” dos filhos de Fuller e de sua esposa Leah (Emily Procter): o moleque Andrew e suas duas irmãs mais velhas, Carrie e Molly. Isso significa que Malcolm mais uma vez deve contar com o seu alter ego confiante e irredutível Hattie Mae Pierce, também conhecida como “Vovózona,” para prender os bandidos e provar que o trabalho de uma mulher nunca tem fim.

Bobagem. História típica de seqüência ruim. Além de copiar descaradamente o péssimo “O Professor Aloprado” (do péssimo Edie Murphy), o filme possui um sonífero absurdo. Talvez seja a voz que Martin Lawrence faz quando está trajado de Vovózona. Falando nesse sujeito, o cara só entra em filme desse gênero para fazer seu pé de meia (ué, mas ele só tem filme assim, rs). Quando a maré está baixa, faz uma comédia que tem apelo popular, e volta a ter grana no bolso (talvez para gastar com drogas, como ele mesmo disse no David Letherman). Os únicos filmes que salvam desse moço são os dois filmes da série Bad Boys (e olha que estou sendo generoso). Ele até se esforça para dar um ar de engraçadão para a Vovózona, mas o negócio é tão mal feito, que acaba caindo no escrachado.

Vão dizer que eu estou (sou) chato ou coisa do gênero, mas não tenho culpa se a mulher dele (Nia Long ) no filme usa uma barriga falsa. Quando eu vi, pensei que era para fingir. MAS NÃO! Era realmente para tentar mostrar para os telespectadores que ela estava grávida. Aquilo era tão falso, que o travesseiro tava torto e parecia que a mulher ia ter uns 30 filhos (por causa do tamanho). Tem diretor que dá a desculpa que o é erro proposital, para sair engraçado. Mas vindo desse filme, pelo nível de toda a produção, acredito que eles se esforçaram para parecer real. Nem nos Trapalhões chegamos a ver algo tão mal feito.

Falando em mal feito, mostram no filme a roupas da Vovózona e a fantasia que a personagem de Lawrence usa. Só não consegui entender como que pedaços de panos ficam parecidos com carne, porque quando ela está de maiô, dá para saber que não é fantasia (no sentido de que se era pra ser falso, que fosse). Pelo menos em O Professor Aloprado tinha uma explicação, realmente ele tinha engordado. Nesse não. É tudo muito confuso. Além da história possuir milhões de furos (normal em filme ruim).

Trilha sonora? Fotografia? Efeitos? Que nada, esse filme é tão ruim, que nós só conseguimos perceber que algumas paisagens são usadas para gravar o seriado The OC. Que pelo menos colocassem alguma música famosa para badalar um pouco e não ficar tudo tão chato. Como fizeram em Doze é Demais 2, já que o filme não ajuda, encheram de grandes hits. Funcionou.

Resumindo tudo, o “destaque” fica por conta de um moleque que não sabe falar e que adora saltar. Isso mesmo. Ele sobe na cama e se taca no chão. Depois se levanta, e se taca no chão de novo. Outro que não posso deixar passar é um cachorro horroroso da raça chiahuahua. Ele bebendo tequila é uma comédia. Rapaz, para um filme que tenta divertir, depender de um cachorro e de um moleque mudo e masoquista, é o fim da picada. Passem longe, pois tem opções melhores. Querem uma dica de filme que um ator se veste de Vovó engraçadona? “Diário de Uma Louca”. Esse vale a pena. E Tyler Perry é o cara! A seqüência desse filme (Madea`s Family Reunion) estará pintando por aqui em breve.

Um último recado: Por favor, não assistam ao filme. Se vocês continuarem indo para as exibições de “filmes” ruins como esses, vão continuar saindo essas drogas. Não quero dar uma de chato, mas filmes de comédia que conseguem ser chatos deveriam ser extintos da face da terra. “O Virgem de 40 anos” está aí para provar que é possível fazer uma comédia de qualidade. Passem longe de “Vovó… Zona 2”.

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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