Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

Wimbledon – O Jogo do Amor

Um filme extremamente divertido e que funciona do começo ao fim. Uma das melhores comédias românticas do ano de 2004.

Os trailers dos filmes dão uma impressão bem diferente do que ele realmente é. Quando assisti pela primeira vez ao trailer de "Wimbledon – O Jogo do Amor" eu babei! Gostei pra caramba das seqüências, da música e dos atores. Empolgação a parte, criei uma grande expectativa para assistir ao longa. Se bem que um filme que tem Kirsten Dunst como protagonista não quer dizer muita coisa, mas …

O tenista inglês Peter Colt (Paul Bettany) é considerado o 119º (ele já foi 11º um dia), uma posição constrangedoramente baixa no ranking do esporte. Ele recebeu um convite dos organizadores para participar do torneio de Wimbledon, esta que pode ser sua última participação (já “velho”, aos 32 anos, ele diz que é seu último torneio). O que era impossível acontece. Peter ganha novo fôlego e avança, de rodada em rodada, e chega cada vez mais perto do sonho de conquistar o título de campeão masculino. O segredo de sua repentina recuperação chama-se Lizzie Braddbury (Kirsten Dunst) – a mais nova estrela do tênis norte-americano.

Por uma fatalidade, os dois se conhecem (ele vê Kirsten pelada) e iniciam uma amizade, que avança para um jogo de conquista e resulta em um namoro. Peter e Lizzie decidem manter sigilo sobre o romance. Porém, graças ao envolvimento dos dois, o talento e a habilidade em quadra de Peter se afloram. Agora, eles precisam superar o pai de Lizzie, Dennis (Sam Neill), que não quer que nada, nem ninguém distraia a atenção de sua filha. Com a continuação do torneio e Dennis fazendo de tudo para mantê-los separados, eles precisam decidir como balancear a vida pessoal e profissional.

Em toda sua carreira, Lizzie foi preparada para que ser a melhor tenista do mundo, uma campeã de Grand Slams. Nenhum outro sonho existe além desse, e o troféu de Wimbledon seria um ótimo começo. Mas para Peter, Wimbledon apresenta-se como um ótimo final. Seus planos de aposentadoria terão que esperar mais um pouco porque ele acaba de conhecer Lizzie e de realizar o inimaginável: vencer a sua primeira partida. Alimentado por uma mistura de sorte recém-encontrada, de amor e de coragem nas quadras, o tenista "veterano" continua vencendo e fazendo o seu caminho em direção à vitória – permitindo que o esporte e seus fãs voltem a abraçar esse astro sumido que volta à cena. O não tão jovem britânico descobre que o mundo adora um vencedor, principalmente o seu agente ausente, Ron Roth, que começa a gostar desse sabor há muito tempo esquecido.

Agora que Peter tem a chance de finalmente realizar o sonho de ser um astro do tênis internacional, Lizzie começa a perceber que a sua paixão por ele estar afetando o seu rendimento nas quadras. Agora eles têm que conciliar a carreira de cada um para poderem conseguir êxito durante o torneio.

Finalmente depois de alguns anos podemos dizer: "Fizeram um filme fiel ao esporte". Tudo bem, já existem filmes bons de Futebol Americano, Basquete, Baseball e etc, mas de Tênis é o primeiro. Ele consegue ser fiel porque ele não tem a mínima intenção de distrair o cinéfilo com um romance, mas este, faz parte sim, porém, não é o principal do longa. O filme centra-se mais no azarão da história que é Peter Colt, já rodado nos torneios de Grand Slam.

O que percebi é que mesmo os atores não conhecendo bulhufas de tênis, somente Kirsten Dunst não demonstra cacoete de tenista (toda desengonçada). Os demais conseguem enganar direitinho, inclusive o americano (astro atual no filme) que atravessa no caminho dos pombinhos. Eles receberam aulas exaustivas do ex-tenista Pat Cash, que foi campeão em Wimbledon em 1987. Treinaram principalmente os movimentos de corpo, gingas de mão, saques e coisas do gênero.

O que me incomodou bastante foram às cenas que são visualmente notadas que as bolas são computadorizadas. É fácil perceber isso pela velocidade e da nitidez do amarelo da pequena bolinha. É compreensível, mas poderia ter sido melhor camuflada. Mas a parte boa é que podemos presenciar as jogadas pelo ângulo da bola, algo que nunca vimos nos jogos normais (nunca veremos, pelo menos até então).

Fugir um pouco da realidade às vezes é bom para gerarmos perspectivas e novos pontos de vista em relação a certos movimentos do esporte. Um fato engraçado que acontece no início do filme é a cena animada dos telespectadores de uma partida de tênis olhando de uma lado para outro de uma forma bem engraçada. E é esta a pretensão do filme: divertir e ensinar, sem desviar muito a atenção para o romance, tornando-o apenas o complemento e a motivação para as seguidas vitórias do protagonista.

A organização do torneio de Wimbledon concedeu à produção do filme um acesso sem precedentes ao All England Lawn Tennis Club, onde são realizados os jogos, para que nele pudessem ser rodadas algumas cenas durante o torneio de 2003. Os produtores inicialmente queriam que Hugh Grant protagonizasse o filme, porém, não fez muita falta porque o não tão bonito Paul Bettany conseguiu dar conta do recado.

O roteiro de Adam Brooks, Jennifer Flackett e Mark Levin faz com que você torça para Peter Colt do início ao final do longa. Eles conseguem com êxito prender sua atenção e às vezes até fazer com que você comece a comer suas unhas na torcida pelo azarão. O diretor Richard Loncraine não tem muita experiência nas telonas, mas já conseguiu dar conta do recado fazendo um ótimo filme sem pretensão, com personagens carismáticos e com uma história que cativa (apesar de clichê).

Jurandir Filho
@jurandirfilho

Compartilhe

Saiba mais sobre