Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 07 de março de 2016

Kung Fu Panda 3 (2016): amadurecimento de Po encerra bem a trilogia

O fechamento da trilogia "Kung-Fu Panda" traz Po finalmente descobrindo suas origens e encarando um novo vilão. Mesmo o roteiro sendo um arroz com feijão de "seja você mesmo", a produção consegue agradar, graças ao carisma dos personagens e seu belo visual.

imageNos dois filmes anteriores desta série, vimos o atrapalhado panda Po assumindo o manto do Dragão Guerreiro e se tornando o líder dos protetores do Vale da Paz, ao mesmo tempo em que ele teve de confrontar a tragédia que o separou de seu povo e o fez deduzir que ele era o último de sua raça.

Seguindo diretamente do cliffhanger da aventura anterior, que mostrou o pai de Po, Li Shen, vivo ao lado de uma tribo de pandas e descobrindo sobre o filho. Neste “Kung-Fu Panda 3”, o roteiro de Jonathan Aibel e Glenn Berger (mesmos roteiristas do filme anterior) peca ao reciclar o objetivo central de Po, ao colocá-lo novamente no centro de uma antiga profecia e enfrentando mais um adversário aparentemente invencível – aqui, o antigo guerreiro Kai, outrora irmão de armas do mestre Oogway, agora devotado a destruir o legado deixado pelo velho sábio.

O que sustenta o texto é o carisma dos personagens, bem como as interações entre filho, pai e pai adotivo, além do fato de que a história exigir que Po amadureça e compreenda que sua função no mundo é mais do que bater nos bandidos que invadem o vale.

A ingenuidade e o maravilhamento de Po, partes integrais da personalidade do panda, continuam lá (e geram alguns dos momentos mais divertidos da produção), mas aos poucos são temperadas com um entendimento de si e dos outros. É uma sabedoria clichê derivada daquela velha lição do “seja você mesmo”, lugar-comum em animações familiares, mas funciona. Até mesmo a motivação do vilão se encaixa aqui justamente por ser um chavão dos antigos filmes de kung-fu que o longa presta homenagem.

O que também funciona muito bem é o visual da produção. Apesar da DreamWorks não ter exatamente o mesmo capricho técnico da Disney/Pixar, o design visual do longa é deveras inteligente, especialmente na mistura entre animação tradicional e computadorizada, além de uma montagem dinâmica e vibrante, que espelha a empolgação de Po para com o mundo. O mesmo vale para a fotografia em cores quentes, representando sempre o espírito otimista do personagem.

As texturas dos pêlos dos personagens impressionam, assim como a coreografia e a física de colisões e até mesmo a coreografia envolvida nos combates. Junte tudo isso com a empolgante trilha sonora de Hans Zimmer e temos um filme que passa longe de ser perfeito, mas diverte igualmente crianças e adultos e fecha de maneira digna essa trilogia que já dura oito anos.

Thiago Siqueira
@thiago_SDF

Compartilhe