Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Irmãs (2015): comédia traz dois imensos talentos desperdiçados

Roteiro chulo prejudica e história fraca tornam nova parceria de Amy Poehler e Tina Fey uma experiência sofrível.

irmas-filme-2015Tina Fey e Amy Poehler estão entre as comediantes de maior sucesso da atualidade. Desde os tempos de “Saturday Night Live”, no início da década passada, elas construíram uma carreira sólida e conquistaram um merecido reconhecimento, com premiações em seriados como “30 Rock” e “Parks and Recreation”. A dupla já teve uma parceria reativamente bem sucedida em 2008, com “Uma Mãe Para o Meu Bebê”. Quase uma década depois a dupla volta aos cinemas em “Irmãs”, dirigido por Jason Moore e roteirizado por Paula Pell.

O longa conta a história de Kate (Tina Fey) e Maura Ellis (Amy Poehler), irmãs, na casa dos quarenta anos, que tem que lidar com a decisão dos pais de vender a casa onde passaram a infância. Às vésperas da concretização do negócio, elas decidem fazer uma última festa, como faziam na sua adolescência, para reunir velhos amigos e relembrar os grandes momentos em sua juventude.

Infelizmente, o que poderia ser uma premissa com um bom potencial, apesar de simples, se transforma em um roteiro genérico, que parece saída de “obras” protagonizada por Adam Sandler e sua trupe ou até mesmo alguns dos piores exemplares do cinema comercial brasileiro. A grande maioria das piadas é rasteira, quase sempre de cunho sexual (várias se perdem na legenda e/ou dublagem) ou envolvendo alguma escatologia e palavrões sendo proferidos em profusão. Esse tipo de piada funciona quando é um caso isolado, ou quando estão dentro de um contexto, não quando são o carro-chefe, o cerne dos momentos que deveriam ser engraçados.

Os únicos momentos realmente engraçados são aqueles em que as protagonistas, aparentemente, tem liberdade para improvisar, como quando estão lendo seus diários, xingando antigos desafetos ou contando histórias antigas.Outra imensa falha do roteiro é não conseguir fazer com que o espectador sinta alguma empatia pelos problemas que elas enfrentam, o que transforma as protagonistas em pessoas sem o menor carisma.

Um aspecto que também aproxima perigosamente o filme daquelas com Adam Sandler é a escolha do elenco. Estão presentes vários contemporâneos dos tempos de Saturday Night Live, como Rachel Dratch, Bobby Moynihan e Maya Rudolph. Porém, como dito anteriormente, todo esse talento cômico é desperdiçado por um roteiro genérico e preguiçoso. Nem mesmo atores com um currículo mais encorpado, como James Brolin e John Leguizamo, ou a oscarizada Dianne Wiest, tem muito o que fazer com um texto tão simplório. Mesmo assim, são eles que mais se destacam positivamente apesar de não ser grande mérito nesse universo). John Cena é uma boa surpresa, apesar de ter apenas duas ou três cenas relevantes.

A história sequer é bem conduzida. Toda a trama ocorre de forma monocórdia, sem grandes reviravoltas ou surpresas. Tudo aquilo que ocorre é previsível, até as “grandes” redenções no terceiro ato. É uma pena ver comediantes tão talentosas como Tina Fey e Amy Poehler protagonizarem um filme tão fraco, que nem de longe faz jus ao que as atrizes já mostraram em uma carreira tão prolífica.

David Arrais
@davidarrais

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