Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 29 de agosto de 2014

No Olho do Tornado (2014): um filme-catástrofe razoável

Efeitos visuais e boas atuações são o que há de melhor na fita.

No-Olho-do-Tornado-posterUma das maiores forças destrutivas da natureza é o tornado. E mesmo que haja diversas pesquisas científicas para explicar sua natureza, formação e origem, vez ou outra eles surgem de maneira inesperada deixando um rastro de mortes e destruição por onde passam. E já foram temas de várias obras em Hollywood, tendo como maior expoente “Twister”, de 1996. De lá pra cá, apenas produções menores abordaram o fenômeno como tema central (exceto pequenas “aparições” em filmes-catástrofe ou a piada “Sharknado”). Eis que em 2014, o diretor Steven Quale comanda “No Olho do Tornado”, escrito por John Swetnam.

O filme conta a história de Pete (Matt Walsh), o obcecado chefe de uma equipe que prepara um documentário pelo interior dos Estados Unidos. A líder do grupo é Allison (Sarah Wayne Callies), experiente cientista da área. Uma das expedições ocorre na época da formatura das escolas de ensino médio. Em uma dessas escolas, que também serve de abrigo da cidade, Donnie (Max Deacon) e Trey (Nathan Kress) preparam uma cápsula de tempo com depoimentos filmados de vários alunos, a pedido de Gary (Richard Armitage, o Thorin de “O Hobbit“), pai dos rapazes e professor da escola. Quando um gigantesco tornado se aproxima da cidade, Gary precisa da ajuda da equipe de Pete para resgatar o filho, que está com uma amiga em um edifício destruído pela tempestade.

Infelizmente, o roteiro repete vários clichês do gênero. De acordo com a apresentação dos personagens no decorrer da trama, sabemos exatamente o que (e quando) acontecerá com alguns deles. Há também os confrontos familiares, o adolescente tímido apaixonado pela garota bonita, os cientistas que falam constantemente com um complicado linguajar técnico e os jovens irresponsáveis. Além dos clichês, a narrativa é repleta de incoerências, tanto visuais quanto temáticas ou em diálogos expositivos desnecessários. Em certo momento, Allison segue informações de uma estação de rádio, mesmo com vários computadores e centenas de informações bem à sua frente.

Alguns personagens são bem desenvolvidos (e ajudados pela boa interpretação do elenco) e causam alguma preocupação no público durante os momentos de tensão. E como todo representante do gênero, tais momentos, aliados aos excelentes efeitos visuais, fazem com que a fita funcione satisfatoriamente. As passagens em torno da igreja, nos escombros de uma antiga indústria ou a grandiosa sequência final são realmente de tirar o fôlego. O espetáculo visual é composto por ótimas composições, como um tornado de fogo, a queda de uma linha de alta tensão ou aviões arremessados como miniaturas pela força da tempestade.

Apesar de contar com apenas 90 minutos de projeção, chama a atenção a grande quantidade de cenas desnecessárias e personagens que nada acrescentam ao andamento da história. Ainda assim, a baixa expectativa causada por outros exemplares faz com que “No Olho do Tornado” se apresente como um representante razoável para a prateleira do gênero.

David Arrais
@davidarrais

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