Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 21 de abril de 2014

Copa de Elite (2014): seria cômico, se não fosse uma bomba

Se este é um exemplo do que a Copa do Mundo vai trazer para o Brasil, seria melhor que o movimento #NãoVaiTerCopa tivesse vingado...

Copa de EliteEste “Copa de Elite” (ai…) funciona basicamente como a resposta brasileira a filmes como “Super-Heróis – A Liga da Injustiça”, “Espartalhões” e “Inatividade Paranormal”. Explico: junte alguns comediantes conhecidos, um bando de subcelebridades e um roteiro costurando “paródias” de sucessos de bilheteria (não importando o gênero) e pronto, temos uma comédia fracassada instantânea que está mais para atentado à sanidade pública que para entretenimento.

No caso desta bomb…, er, fita, dentre os parodiados nacionais estão “Bruna Surfistinha”, “2 Filhos de Francisco”, “De Pernas Pro Ar”, “Se Eu Fosse Você”, “Minha Mãe é Uma Peça”, “Carandiru”, “Nosso Lar”, “Chico Xavier”, “Meu Nome Não é Johnny”, usando como âncora para a assim chamada trama os dois “Tropa de Elite” e a proximidade da Copa do Mundo.  Resumindo, os roteiristas atiraram para todos os lados tentando atingir um alvo e criaram um samba do comediante sem-graça.

O clássico “Corra Que a Polícia Vem Aí” é obviamente a referência para o estilo de humor que o filme tenta oferecer – Leslie Nielsen deve estar se revirando no túmulo – e ainda existem algumas piadas de gosto duvidoso com eventos reais, como a prisão do goleiro Bruno, o que mostra como esta produção passou do seu prazo de validade.

O roteiro mostra o Capitão Capitão (Marcos Veras), famoso por ter salvo um premiado ator (Rafinha Bastos), às voltas com uma conspiração sem sentido para assassinar o Papa Francisco durante a Copa do Mundo. Obviamente, o herói cai em desgraça no meio da investigação e conta com a ajuda apenas de uma ex-prostituta e atual dona de Sex-Shop (Julia Rabello).

A presença de Veras e Rabello, dois membros do grupo “Porta dos Fundos”, certamente visa atrair o público que acompanha os vídeos da trupe na internet. No entanto, o histrionismo dos dois, especialmente de Rabello, enquanto não incomoda em esquetes de três minutos, torna-se insuportável em um longa-metragem.

O timing das piadas é pobre (algumas se estendem até o ponto da tortura) e, ao contrário do lendário trapalhão Frank Drebbin, o nada carismático Capitão de Veras jamais conquista a simpatia do público, o que impede qualquer envolvimento emocional do público com o personagem. Rafinha Bastos mostra uma falta de desenvoltura e charme que impedem qualquer tipo de reação do público para com seu personagem. O fato de nem como ator canastrão Bastos convencer chega a ser alarmante.

Ademais, parece que os realizadores esperavam que as participações especiais de Alexandre Frota, Thammy Miranda, Bruno De Luca e de um certo grupo de pagode camp dos anos 1990 fizessem o público rir com a mera entrada destes em cena. Seria cômico se não fosse triste. De todo modo, a produção não passa de um produto de quinta categoria que tenta lucrar com a Copa do Mundo vindoura. Se aqueles que se manifestam contra o evento queriam a primeira mazela provocada por este, aqui está ela.

Thiago Siqueira
@thiago_SDF

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