Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 02 de maio de 2013

Um Bom Partido (2012): Gerard Butler estrela mais uma comédia romântica esquecível

Gerard Butler protagoniza a estreia do diretor de "À Procura da Felicidade" no gênero comédia romântica.

um bom partidoMais conhecido por seus grandes papéis em filmes de ação, Gerard Butler ganhou fama de galã das comédias românticas desde que estrelou “A Verdade Nua e Crua” ao lado de Katherine Heigl. Já o cineasta italiano Gabriele Muccino, conhecido internacionalmente por “À Procura da Felicidade” e “Sete Vidas” (ambos estrelados por Will Smith), não é totalmente familiarizado com o gênero. Em “Um Bom Partido”, Muccino conta com o talento do galã e do ótimo elenco coadjuvante para fazer o público rir em uma obra atípica de sua carreira melodramática.

George Dryer (Butler) é um decadente ex-jogador de futebol escocês que vai aos Estados Unidos em busca do reconciliamento com sua ex-esposa Stacie (Jessica Biel) e do seu filho Lewis (Noah Lomax). Aclamado por seu passado vitorioso, Dryer se converte em uma figura célebre do subúrbio da Virgínia após aceitar o trabalho de técnico do time de futebol infantil no qual seu filho joga. Enquanto não está dirigindo a Ferrari do amigo puxa saco Carl (Dennis Quaid) ou sendo atacado pelas mães dos amigos de Lewis, George tenta cumprir seu papel de pai e reconquistar o amor de Stacie. Entretanto, sua massiva dívida com ambos se torna cada vez mais difícil de ser quitada.

O roteiro genérico de Robbie Fox conta, felizmente, com um excelente elenco e momentos de comicidade. Jessica Biel está ótima no papel de mãe de família, firmando o contraponto dramático necessário para o desenvolvimento da narrativa e o crescimento do personagem de Butler. O mesmo pode se dizer do estreante Noah Lomax, que já havia figurado em algumas séries de sucesso como “The Middle”, “Drop Dead Diva” e “The Walking Dead”. Gerard Butler também se revela confortável em seu papel e conduz o filme com eficiência entre as cenas dramáticas e cômicas. Além disso, o elenco de apoio composto por Dennis Quaid, Catherine Zeta-Jones e Uma Thurman, embora subaproveitados na narrativa, contribuem em alguns dos melhores momentos do filme.

Contudo, como estamos fartos de saber, não é só com um grande elenco que se faz um grande filme. É inegável a influência televisiva na estrutura do roteiro, afinal, em questão de cinema, Robbie Fox é praticamente um estreante. O aproveitamento dos personagens periféricos parece seguir a lógica da sitcom, suas aparições são efêmeras, engraçadas e não causam grandes impactos no desenvolvimento da narrativa, soando invariavelmente como uma ferramenta deselegante para cumprir tempo de tela.

Por mais que Gerard Butler cative, o crescimento de seu personagem (afinal, é disso que o filme se trata, do crescimento e amadurecimento de George Dryer) é formulaico e previsível. A previsibilidade dos atos é consequência natural de quem já assistiu a muitos filmes, principalmente de gêneros recheados de estereótipos e de fórmulas pré-estabelecidas. Sabemos que ‘A’ chegará em ‘B’, contudo, o caminho utilizado para a conclusão do arco narrativo é a grande chave para que haja surpresas. Fox parece se contentar com o feijão e arroz básico e entrega um filme esquecível.

“Um Bom Partido” trabalha bem com os clichês do gênero e peca justamente por não encontrar identidade em sua narrativa. Trata-se de mais uma comédia romântica ‘divertidinha’ da qual provavelmente não nos lembraremos daqui a alguns meses.

Pedro Azevedo
@_pedroazevedo

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