Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 12 de fevereiro de 2011

Burlesque

O filme reúne as divas Cher e Christina Aguilera no majestoso mundo burlesque.

Como já era de esperar e o luxuoso pôster já entregava, uma diva ajuda a outra. Em “Burlesque”, Cher volta às telonas na pele de Tess, a dona do belo teatro The Burlesque Lounge que dará uma chance a uma jovem interiorana sem muitas alegrias na vida, mas que tema uma bela voz, interpretada por Christina Aguilera. No caminho para o sucesso, surgem amizades, amores e muita inveja. Assim, o musical traz em suas intermináveis duas horas de duração tudo que tem direito, abusando dos clichês do gênero, com performances pops e figurinos ambiciosos.

Na direção do filme está Steven Antin,  que investe em um clima envolvente e fantasioso durante quase toda a obra Além de dirigir, Antin também participa do roteiro que, por usa vez, é fraco e se utiliza de alternativas previsíveis. Tudo parece desculpa para as performances musicais, esquecendo um pouco da carga dramática que anda em paralelo às apresentações.

Cher está em um personagem feito para ela. Ela interpreta a dona do teatro que tem o importante papel de lançar novos talentos da música e da dança. Dessa forma, ela mostra total segurança e convence na pele de Tess. Já não se pode falar o mesmo de Aguilera. Na pele da “jovem” que veio do interior e recebe uma chance de subir ao palco para mostrar seu talento, ela está no mesmo nível de cantoras-atrizes como Britney Spears e Miley Cyrus que, definitivamente, não deveriam atuar novemente.

Nem tudo em “Burlesque” decepciona. O trabalho de caracterização e do  figurino, assinado por Michael Kaplan (“Pearl Harbor”“Sr. e Sra. Smith”), esbanja glamour, humor e sensualidade por meio de muita pluma, cetim, dourado e cristais. Os cenários também receberam identidade aos moldes do burlesco, resgatando a ideia de  farsa ou brincadeira deste estilo. A trilha sonora é mais um presente, assim como o filme, aos fãs da Aguilera, que canta quase todas as músicas do filme, deixando apenas duas para Cher.

Assim como as últimas empreitadas de Aguilera, “Burlesque” não emplacou e sequer se pagou em território americano, conseguindo este feito apenas com a abertura da bilheteria mundial. O fraco desempenho da cantora em um roteiro insignificante não dão margem para o sucesso. O que ainda pode se salvar este musical são alguns números de dança, mas nada que não tenha sido feito anteriormente. Por fim, um longa de gosto duvidoso. Quem se arrisca?

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Marcus Vinicius é crítico de cinema do CCR desde 2009. Produtor de comerciais de TV, também realiza projetos audiovisuais e eventos. Atualmente é concludente do curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Marcus Vinicius
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