Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 09 de setembro de 2010

Amor à Distância

Apesar de previsível, romance diverte.

Existe um certo problema para as pessoas se entregarem aos relacionamentos amorosos. Talvez por medo ou mesmo pelo desejo de simplesmente se sentirem melhor sozinhos. Imagine, então, quando há entrega. Mas acontece que a pessoa que você ama está do outro lado do país. Quem você irá abraçar quando precisar, por exemplo, de carinho? As conversas se seguem apenas pelo telefone, demoram-se meses para se encontrarem. Mas também quando se encontram, é como se renovasse completamente aquele amor por conta da saudade que ficou guardada por tanto tempo.

“Amor à Distância”, dirigido por Nanette Burstein e escrito por Geoff LaTulippe, apresenta logo em sua primeira cena um momento em que Garrett termina o seu relacionamento com Amy (Leighton Meester, a Blair da série “Gossip Girl”). A partir daí, Garrett sai para beber com os seus amigos Dan (Day) e Box (Sudeikis). Como diz aquele ditado que o amor sempre acaba se encontrando pelo acaso, Garrett conhece Erin (Barrymore) por conta de um jogo de videogame e, a partir deste momento, os dois começam a construir um relacionamento.

E, como toda relação que se inicia com uma “ficada”, um acaba falando para o outro que não deseja se envolver seriamente. Para Garrett, ele acabou de sair de terminar um namoro e pretende curtir mais a sua vida com os amigos. Enquanto que Erin, passando um tempo de estágio em um jornal na cidade de Nova York, terá que retornar para a cidade de São Francisco caso ela não seja contratada. Obviamente, os dois se apaixonam e desejam viver esse amor, por mais que exista uma longa distância entre as duas cidades. Isso parece não atrapalhar, mas sempre tem um momento em que tudo entra em crise.

Acertadamente, o roteiro de Geoff LaTulippe trata de maneira interessante os problemas relacionados com a distância que envolve um relacionamento. Apesar de óbvias, as situações criadas são engraçadas e cômicas. Além disso, ele também consegue desenvolver as tramas particulares de Garrett e de Erin. Ele, por exemplo, vive frustrado por trabalhar em uma gravadora e perceber o quanto existem boas bandas que não são aproveitadas. Enquanto ela, vivendo neste relacionamento, se sente insegura em ter que largar tudo novamente por um amor que poderá não dar certo no futuro. Para os dois a pergunta é a mesma: será que vale a pena?

Aliás, divagando em torno do filme, será que realmente vale a pena namorar alguém  à distância? Não tenho a experiência para falar sobre o assunto. Alguns amigos já tentaram, mas o fato de ficarem meses sem um ver o outro acaba sendo determinante para o término. É bem verdade que, quando “o amor abre as cortinas e você deixa ele entrar”, ninguém pensa muito nos problemas apesar de ambos saberem que eles podem existir. De qualquer forma, o desgaste começa a ser sentido. “Amor à Distância” também se baseia nestes questionamentos e nesta trajetória, onde cada um possui os seus objetivos próprios, mas que precisam pensar também pelo outro e na possibilidade de ficarem juntos.

O que não funciona em “Amor à Distância” são as tentativas frustradas do ator Charlie Day em conseguir ser o lado cômico do filme. Neste sentido, a sua presença é completamente desnecessária, uma vez que o longa-metragem poderia muito bem se segura nas cenas de humor que ele tem ao longo da sua narrativa. A verdade é que o personagem de Charlie acaba se tornando irritante em alguns momentos, principalmente porque as suas cenas se tornam forçadas e “sem-graça”.

Ao contrário dele, o elenco do filme está em boa sintonia. Existe química entre Justin Long e Drew Barrymore (eles chegaram a namorar na vida real), assim como a presença de Christina Applegate, que interpreta Corinne, a irmã de Erin que é exatamente o seu oposto. Ela proporciona bons momentos de comédia e situações engraçadas na companhia do seu marido e também da sua filha.

Além disso, “Amor à Distância” utiliza muita trilha sonora. Por se tratar de uma comédia romântica, é quase  obrigatório que este elemento consiga se sobressair mais que outro. Talvez entre as canções escolhidas para fazer parte da trilha, a que mais consegue emocionar – também por conta da cena – é a canção “Here Comes a Regular”, da banda The Replacements. A música é antiga, lembro de tê-la ouvido em um episódio de “One Tree Hill”. Mas ela é tão linda que nunca mais saiu da minha cabeça. Na lista também pode se ouvir The Cure e outras boas bandas.

Utilizando alguns efeitos visuais interessantes que corroboram com a sua narrativa (como a animação do avião que sai de Nova York em direção à São Francisco), o longa não apresenta nenhuma história genial, nenhuma cena que fuja do óbvio ou algo que a faça se desprender dos clichês do gênero. No entanto, é um filme que rende boas risadas, tem uma boa dose de romantismo, tem dois atores que conseguem uma boa sintonia (destaque para Justin Long) e possui uma linguagem universal. É impossível, em alguns momentos, não se enxergar em algumas situações ou diálogos que são exibidos no filme.

Fugindo de um tom sério e sem apelar para o dramalhão que Hollywood costuma apresentar, “Amor à Distância” se caracteriza pela leveza. E, às vezes, isso é o que mais importa para nos fazer gostar de um filme.

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