Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Fada do Dente

O que esperar de um filme que traz em seu pôster Dwayne Johnson com roupa de Hockey e asas de fadinha? Não muita coisa.

O Fada do DenteEu gosto do trabalho de Dwayne Johnson. Antes conhecido como o lutador The Rock, Johnson parecia unir o melhor de dois mundos bem diferentes, sendo um sujeito boa-praça e carismático, ao mesmo tempo em que era uma montanha de músculos capaz de ganhar qualquer briga. No entanto, assim como muitos atores de filmes de ação, Johnson escorregou feio ao tentar se aventurar no ramo das comédias infantis. Esse “O Fada do Dente” é a prova em celulóide disto.

Dirigido pelo cineasta Michael Lembeck, que vem de uma longa lista de trabalhos para TV e comandou dos dois últimos exemplares da boa cine-série “Meu Papai é Noel”, a fita teve seu roteiro escrito por nada menos que seis pessoas. De qualquer modo, o filme conta a história de Derek, um veterano jogador de Hockey no gelo cujo apelido “fada do dente” vem do fato de que ele costuma quebrar um ou dois dentes dos jogadores do time adversário quando entra no ringue.

Frustrado por não ser mais o ídolo do seu time, ele acaba descontando isso em um jovem torcedor ao fazer um discurso sobre como não se deve sonhar com uma vida melhor. O protagonista namora há algum tempo com Carly (Ashley Judd), uma mãe solteira com dois filhos para criar, o adolescente em crise Randy (Chase Ellison) e a menininha lindinha Tess (Destiny Whitlock), que acabou de perder mais um dente de leite e espera a visita da Fada do Dente para receber seu dólar. Mas Derek acaba usando o dinheiro da “fada” para jogar pôquer e se esquece de repor.

Após tentar contar para a menina que a Fada do Dente não existe, ele é posto para fora de casa pela namorada e intimado pelas verdadeiras fadas do dente para cumprir uma pena de duas semanas por usurpar o nome da “companhia” e desfazer sonhos infantis. Com a “ajuda” de seu consultor Tracy (Stephen Merchant) e sob as ordens da fada-chefe Lily (Julie Andrews), Derek tentará conciliar suas ocupações como namorado, jogador e fada para cumprir sua pena.

É bastante entendível o fato de Lembeck ter sido chamado para comandar esta fita. Afinal, a franquia “Meu Papai É Noel” conta a história de um homem que não acredita em um ser lendário, tem problemas conjugais e com crianças, mas que acaba se tornando o próprio ser lendário no qual não acreditava antes, ou seja, chamaram o diretor que trabalhou em uma série do qual esse filme é, em essência, uma releitura.

No entanto, enquanto o roteiro dos longas daquela série eram tocantes e relevantes, com uma mensagem positiva embalada em uma deliciosa  diversão cinematográfica descompromissada, em “O Fada do Dente” temos uma verdadeira bagunça sem sentido. O próprio personagem de Dwayne Johnson parece sofrer de um forte distúrbio mental, já que Derek, ao primeiro sinal de frustração, já desconta todas as suas angústias na primeira criança que aparece em sua frente.

Enquanto isso, por mais que Tess seja bonitinha, ela e Randy não passam de personagens genéricos, comprometendo bastante o trabalho dos atores-mirins Destiny Whitlock e Chase Ellison. Completando o núcleo “humano”, Ashley Judd faz um par perfeito com Johnson, afinal a personagem dela também parece ter problemas mentais, já que Carly esquece cada bobagem dita por Derek assim que ele faz alguma coisa “romântica”.

O pior é que a cena mais engraçada do casal envolve justamente um pó do esquecimento, aparentemente desperdiçado pelo Fada, já que sua namorada não precisa dele para olvidar as imbecilidades cometidas pelo grandalhão. Por falar nas tranqueiras mágicas que Derek recebe, elas são dadas por um fada que funciona como uma espécie de Q (da série “007”) para o jogador. Vivido por Billy Crystal, que surge em duas cenas, sua aparição só não causa mais constrangimento porque Julie Andrews também atua no longa, completamente nula como a chefe das fadas, estando ali apenas para pagar o aluguel.

Ainda há de se falar de Stephen Merchant, que vive o consultor de Derek, Tracy. O ator britânico tenta desesperadamente ser o coadjuvante que rouba o filme, mas não consegue passar um momento sem embaraçar a audiência com suas diversas tentativas em chamar atenção para si em cena, não tendo nenhuma química com Dwayne Johnson.

Tecnicamente, o filme também não decola. Contando com efeitos especiais fracos (dentre eles, a pasta de encolhimento, que parece emprestada do Chapolim Colorado) e uma fotografia que lembra muito a de um sitcom dos anos noventa de tão plástica, o amadorismo dá o tom por ali. Destaque para as ridículas asas de fadas do elenco, que mais parecem aquelas fantasias de carnaval que as mães compram para suas filhas no centro da cidade.

Fraco e sem magia nenhuma, “O Fada do Dente” deve se consolidar como um dos maiores erros da carreira de Dwayne Johnson, que continua carismático, mas parecia mais divertido na época que se chamava de The Rock.

Eu gosto do trabalho de Dwayne Johnson. Antes conhecido como o lutador The Rock, Johnson parecia unir o melhor de dois mundos bem diferentes, sendo um sujeito boa-praça e carismático ao mesmo tempo em que era uma montanha de músculos capaz de ganhar qualquer briga. No entanto, assim como muitos atores de filmes de ação, Johnson escorregou feio ao tentar se aventurar no ramo das comédias infantis. Esse “O Fada do Dente” é a prova em celulóide disto.

Dirigido pelo cineasta Michael Lembeck, que vem de uma longa lista de trabalhos para TV e comandou dos dois últimos exemplares da boa cine-série “Meu Papai é Noel”, A fita teve seu roteiro escrito por nada menos que seis pessoas. De qualquer modo, o filme conta a história de Derek, um veterano jogador de Hockey no gelo cujo apelido “fada do dente” vem do fato de que ele costuma quebrar um ou dois dentes dos jogadores do time adversário quando entra no ringue.

Frustrado por não ser mais o ídolo do seu time, ele acaba descontando isso em um jovem torcedor, ao fazer um discurso sobre como não se deve sonhar com uma vida melhor. O protagonista namora há algum tempo com Carly (Ashley Judd), uma mãe solteira com dois filhos para criar, o adolescente em crise Randy (Chase Ellison) e a menininha lindinha Tess (Destiny Whitlock), que acabou de perder mais um dente de leite e espera a visita da Fada do Dente para receber seu dólar. Mas Derek acaba usando o dinheiro da “fada” para jogar pôquer e se esquece repor após o jogo.

Após tentar contar para a menina que a Fada do Dente não existe é posto para fora de casa pela namorada e intimado pelas verdadeiras fadas do dente para cumprir uma pena de duas semanas por usurpar o nome da “companhia” e desfazer sonhos infantis. Com a “ajuda” de seu consultor Tracy (Stephen Merchant) e sob as ordens da fada-chefe Lily (Julie Andrews), Derek tentará conciliar suas ocupações como namorado, jogador e fada para cumprir sua pena.

É bastante entendível o fato de Lembeck ter sido chamado para comandar esta fita. Afinal, a franquia “Meu Papai É Noel” conta a história de um homem que não acredita em um ser lendário, tem problemas conjugais e com crianças, mas que acaba se tornando o próprio ser lendário no qual não acreditava antes. Ou seja, chamaram o diretor que trabalhou em uma série do qual esse filme é, em essência, uma releitura.

No entanto, enquanto o roteiro dos longas daquela série eram tocantes e relevantes, com uma mensagem positiva embalada em uma deliciosa embalagem de diversão cinematográfica descompromissada, em “O Fada do Dente” temos uma verdadeira bagunça sem sentido. O próprio personagem de Dwayne Johnson parece sofrer de um forte distúrbio mental, já que Derek, ao primeiro sinal de frustração, já desconta todas as suas angústias na primeira criança que aparece em sua frente.

Enquanto isso, por mais que Tess seja bonitinha, ela e Randy não passam de personagens genéricos, comprometendo bastante o trabalho dos atores-mirins Destiny Whitlock e Chase Ellison. Completando o núcleo “humano”, Ashley Judd faz um par perfeito com Johnson, afinal a personagem dela também parece ter problemas mentais, já que Carly esquece cada bobagem idiota dita por Derek assim que ele faz alguma coisa “romântica”.

O pior é que a cena mais engraçada do casal envolve justamente um pó do esquecimento, aparentemente desperdiçado pelo Fada, já que sua namorada não precisa dele para olvidar as imbecilidades cometidas pelo grandalhão. Por falar nas tranqueiras mágicas que Derek recebe, elas são dadas por um fada que funciona como uma espécie de Q (da série “007”) para o jogador. Vivido por Billy Crystal, que surge em duas cenas, sua aparição só não causa mais constrangimento porque Julie Andrews também está por lá, completamente nula como a chefe das fadas, estando ali apenas para pagar o aluguel.

Ainda há de se falar de Stephen Merchant, que vive o consultor de Derek, Tracy. O ator britânico tenta desesperadamente ser o coadjuvante que rouba o filme, mas não consegue passar um momento sem embaraçar a audiência com suas diversas tentativas em chamar atenção para si em cena, não tendo nenhuma química com Dwayne Johnson.

Tecnicamente, o filme também não decola. Contando com efeitos especiais fracos (dentre eles, a pasta de encolhimento, que parece emprestada do Chapolim Colorado) e uma fotografia que lembra muito a de uma sitcom dos anos noventa de tão plástica, o amadorismo dá o tom por ali. Destaque para as ridículas asas de fadas do elenco, que mais parecem aquelas fantasias de carnaval que as mães compram para suas filhas no centro da cidade.

Fraco e sem magia nenhuma, “O Fada do Dente” deve se consolidar como um dos maiores erros da carreira de Dwayne Johnson, que continua carismático, mas parecia mais divertido na época que se chamava de The Rock.

Thiago Siqueira
@thiago_SDF

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