Cinema com Rapadura

Colunas   terça-feira, 07 de fevereiro de 2012

O significado de Gwen Stacy na vida de Peter Parker

Coração do aracnídeo já balançava por ela muito antes de Mary Jane.

A vida nunca é fácil quando se é um super-herói. Quem acompanha as aventuras do Homem-Aranha sabe o quanto é complicado para ele administrar seus atos heróicos, juntamente com a sua vida normal. E é exatamente esse o elemento que o torna tão interessante. Com a volta do herói aos cinemas em 2012, desta vez interpretado por Andrew Garfield (“A Rede Social”), um novo ciclo se inicia na carreira cinematográfica, onde elementos ainda não explorados serão apresentados aos olhos do mundo. Entre eles, o primeiro grande amor de Peter Parker, a senhorita Gwen Stacy, que será vivida pela atriz Emma Stone (“Histórias Cruzadas”).

Peter Parker também ama. Muito antes de seu coração balançar pela ruiva Mary Jane, uma outra mulher ocupava o espaço vazio dentro do peito do Aranha. Seu nome: Gwen Stacy. Infelizmente, a nova geração de fãs do Aranha quase não teve contato com belíssima e atenciosa loira, praticamente limada da cronologia do herói, tanto nos quadrinhos como nas adaptações para TV e cinema.

Mais do que uma companheira para o Homem-Aranha, Gwen simbolizava um elemento de transição na vida do personagem. O herói adolescente estava se transformando em um homem adulto, com grandes responsabilidades. Na visão dos editores da Marvel, era seriedade demais para um herói com apelo aos adolescentes.

O amor não aconteceu à primeira vista, mas a partir da convivência de ambos. Com Gwen, Peter conseguiu muito mais que uma companheira, mas uma família inteira que o acolheu, já que o pai da moça, o capitão da polícia de Nova York, George Stacy, acolheu o rapaz como um filho, algo que viria a calhar, já que o garoto era carente de uma figura paterna.

Dentro dos produtos de mídia, nunca se mata ninguém por acaso, principalmente nos quadrinhos. Como deveria ser, a decisão de tirar a vida de Gwen Stacy veio de cima, dos chefões, e reza a lenda que isso acorreu sem o consentimento de Stan Lee (ele mesmo), criador  e fã da personagem.

Enfim, não teve jeito e nem conversa, e a família Stacy saiu de cena. Primeiro foi George Stacy, o maior aliado do Homem-Aranha até então, morto durante uma batalha do herói com o Dr. Octopus, atingido por escombros enquanto tentava salvar uma criança. Depois dele, foi a vez de sua filha Gwen.

Ela estava na Europa até então e culpava o Homem-Aranha pela morte de seu pai, o que deixou Peter em uma situação nada confortável. A moça decidiu deixar Nova York por um tempo para esquecer tudo que havia ocorrido. Na sua volta, Peter tentou reatar o namoro com ela, mas uma sequência de eventos atrapalhou novamente a vida do herói.

Primeiramente, o trabalho. Peter teve que viajar para Montreal fotografar os estragos do Hulk, acabou entrando em conflito com o mesmo, não dando assim a atenção devida a Gwen. Depois disso, a família Osborn. Harry, o melhor amigo de Peter, passava por maus bocados por conta do uso de drogas pesadas. Transtornado com isso, o pai, Norman, enlouquece, saindo de um quadro de amnésia direto para a insanidade total, algo muito perigoso, já que Osborn sabia que Peter e o Homem-Aranha eram a mesma pessoa.

E como todo bom arqui-inimigo, Norman veste o manto do Duende Verde e sai à procura de Gwen Stacy para atingir nosso herói onde mais dói: no coração. Ensandecido, o Duende carrega Gwen até o topo da ponte George Washington, para desespero do Homem-Aranha que segue e um épico duelo é travado (com muitas referências dessa batalha no filme “Homem-Aranha” de 2002).

O pior acontece quando o Duende Verde arremessa Gwen da ponte e na tentativa de salvá-la, o Aranha lança sua teia em direção a ela. A jovem é capturada, entretanto é puxada já sem vida, ficando até hoje a dúvida de quem a matou. Será que ela já estava morta quando foi jogada ou será que o impacto do momento em que a teia atingiu seu calcanhar a matou? Isso aconteceu na épica edição The Amazing Spider-Man 121, de junho de 1973.

Na história seguinte, o Homem-Aranha consegue encurralar seu inimigo em um velho depósito, mas este acaba morto após ser atingido por seu próprio planador (com mais referências no longa “Homem-Aranha”). Apesar de eliminada a ameaça, nada é capaz de consolar Peter sobre o fato: Gwen estava morta. E o responsável por isso era ele próprio, Homem-Aranha, aprendendo a duras penas que com grandes poderes, existem grandes responsabilidades. Assim, Gwen entra para a lista de tragédias da vida de Peter Parker, juntando-se ao Tio Ben e ao Capitão Stacy.

A Marvel já revisitou o tema várias vezes e de forma muito infeliz na última vez em que isso aconteceu, onde a lealdade da jovem a Peter foi questionada (algo que não é digno nem de menção). O incômodo maior de fato reside na insistência que Marvel e seus associados têm em transformar o Homem-Aranha em um eterno adolescente. Muitas vezes eles esquecem que os fãs crescem junto com seu personagem favorito.

A nova adaptação cinematográfica do Homem-Aranha terá uma linguagem de apelo aos mais jovens. O diretor Marc Webb (“500 Dias Com Ela”) foi escolhido para encabeçar o projeto justamente por ser capaz de falar ao público alvo desejado. A atriz em ascenção Emma Stone terá a responsabilidade de ser a nova companheira do Homem-Aranha. São duas excelentes escolhas, o que faz do longa uma das grandes estreias do ano. “O Espetacular Homem-Aranha” chega aos cinemas no próximo 03 de julho.

Artur Lopes
@thelopesid

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