Cinema com Rapadura

Colunas   terça-feira, 12 de julho de 2011

O fim de Harry Potter e o começo do reconhecimento eterno

A história de J.K. Rowling será imortalizada a partir dessa semana.

As despedidas já começaram. Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint emocionaram os fãs nas premieres de Londres e Nova York no último encontro do trio mais famoso da nova geração. A franquia bilionária que saiu das mãos de J.K. Rowling termina essa semana, mas dá início à sua eternidade. Não falo isso por ser fã da história de Harry e seus amigos, mas por ter certeza de que os livros e os filmes do bruxo entraram para a história cultural do mundo.

Quando aponto isso, não falo apenas de cultura pop e tudo que ela tem agregado nos últimos anos aos jovens (também produtos de qualidade inferior e outros bem ruins), mas de cultura como termo geral mesmo. Harry Potter virou não somente ultrapassou a denominação de “modinha” como se tornou uma febre incontrolável que ganhou o respeito tanto do público considerado “comum” quanto de críticos especializados (de cinema ou literatura). Até mesmo quem nunca viu um filme sequer (acho difícil!) sabe reconhecer o movimento cultural que Harry Potter gerou nos últimos dez anos no cinema.

Isso vem desde o lançamento dos livros. Os fãs do mundo inteiro aguardavam ansiosos as obras de Rowling, antecipando suas compras e superlotando as lojas para garantir o seu exemplar. Tinha gente que nem conseguia esperar o livro em português e lia em inglês pela internet ou até mesmo comprava a edição estrangeira. Os leitores devoravam as páginas em poucos dias. Era preciso saber qual rumo aquela intrigante história entre o bem e o mal estava tomando.

Em paralelo, a saga que chegava aos cinemas todos os anos criava o mesmo frisson. Cosplays se montavam para se sentir parte de Hogwarts e alimentar aquele desejo bruxo que a saga deixa dentro de cada um. Os olhares de fora o consideravam loucos ou bobos por se exibirem tanto. Nao são. Fãs se uniam nas sessões de pré estreia e se sentiam em casa por estar ao lado de amigos. Era um encontro agendado com bastante antecedência. Era a certeza de um dia somente para os pottermaníacos celebrarem mais um filme nas telonas.

Esses rituais de espera e de fanatismo acabarão. Não teremos mais filmes (por enquanto) e seremos eternamente órfãos de Hogwarts. Por mais alguns anos continuaremos implorando a Rowling uma nova obra sobre qualquer coisa para nos levar de volta a um mundo mágico incomparável, que nem mesmo outros grandes escritores conseguiram reproduzir (perdoem-me C.S Lewis e J.R.R Tolkien, e aqui não incluo Stephenie Meyer). Muitos de nós crescemos ao lado de Harry e é por isso que ele nos é tão familiar e querido. Não podemos aceitar que a história termine no fim do sétimo livro. Queremos mais. Temos vontade de ir além, ou de voltar ao passado.

O mais importante tanto dos livros quanto dos filmes é que eles continuarão nas nossas prateleiras e, sempre que sentirmos saudades, é só ir lá e pegá-los de volta. Vamos guardar todo esse material como tesouros, para que no futuro nossos filhos e netos possam apreciar uma obra completa e irretocável. E vamos contar histórias de como foi delicioso participar desse momento criado por Rowling. Foi delicioso! Só temos a agradecer por todos esses anos, pelos personagens incríveis e por um universo paralelo em que todos sempre quiseram viver.

+ MAIS

[Festlatino] O documentário “Esse Nosso Matulão”, de Philippe Barcinski, abriu ontem (11) o Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo (Festlatino), que até o dia 17 exibirá 110 filmes em oito salas do circuito paulistano. O evento, organizado pelo Memorial da América Latina, não é uma mostra competitiva: tem, como proposta, divulgar e discutir o panorama da cinematografia nos países do  subcontinente.  A programação completa, com os locais de exibição dos filmes, sinopses e outras informações, pode ser acessada aqui.

[CEL.U.CINE] Ainda inédita em festivais, a Mostra Especial da quarta edição do CEL.U.CINE – Festival de Micrometragens – , está sendo exibida no Paulinia Fest 2011, que acontece até o dia 14 de julho. “A proposta é que os diretores experientes mostrem o que é possível fazer com boas ideias e baixo orçamento. Esses filmes vão servir de inspiração para os participantes”, diz o cineasta e produtor Marco Altberg.

[Outros Cinemas] O prazo para as inscrições de curtas metragens brasileiros para a 4ª Mostra Outros Cinemas termina no dia 22 de julho. Os interessados devem enviar as produções acompanhadas da ficha de inscrição. Mais informações no blog oficial.

*Envie sua sugestão de pauta para a coluna Action: [email protected]

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Diego Benevides é editor geral, crítico e colunista do CCR. Jornalista graduado pela Universidade de Fortaleza (Unifor), atualmente é pós-graduando em Assessoria de Comunicação e estudioso em Cinema e Audiovisual. Desde 2006 integra a equipe do portal, onde aprendeu a gostar de tudo um pouco. A desgostar também.

Diego Benevides
@DiegoBenevides

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