Cinema com Rapadura

Acme   sexta-feira, 17 de maio de 2013

Fim de The Office: a despedida de uma das maiores séries já feitas

O que o seriado deixou de legado?

O seriado The Office encerrou a sua jornada. É, a série acabou em sua 9ª temporada. Foram 9 anos acompanhando o dia a dia da empresa papel de Dunder Mifflin. Filmada no estilo documentário, com as pessoas falando com o telespectador, a série inovou nos padrões de comunicação. Não foi nada novo (afinal, essa versão americana é baseada na série original inglesa), mas foi diferente. Foi humano. O objetivo da série nunca foi fazer você rir descontraladamente, apesar de ser de comédia. Mas muitas vezes você ria descontraladamente com as situações. Em alguns episódios eu não dava uma risada, mas nem por isso era ruim. Eles foram além da comédia.

Com o passar dos anos, percebi que o importante ali não era a empresa ou o dia a dia, mas as pessoas. Todo mundo odiava o chefe Michael Scott. Mas o personagem foi tão bem construído, que no fim todo mundo gostava do jeito dele, apesar dos vários problemas. Era inocente, atrapalhado, inconveniente, machista (muitas vezes sem saber e muitas vezes sabendo), preconceituoso (muitas vezes sem saber e muitas vezes sabendo) e convencido (muitas vezes sem motivo algum). Porém, com o decorrer da série aconteceram desconstruções desse personagem. No fim, todo mundo tem um pouco de Michael Scott no seu sangue. Alguns conseguem se controlar, outros não. Michael era assim. Ele foi por muito tempo o coração da empresa. Sua despedida na série foi no fim da sétima temporada. Bonita, tocante e especial.

Eu torci para o casal JimPam desde o começo. Ficava triste quando não dava certo, fiquei feliz quando deu certo. O casamento deles é algo inesquecível e emocionante. Aliás, o Jim é um personagem a parte. Ele sempre foi o mais centrado. Jim representava a audiência quando acontecia alguma atrocidade e ele olhava pra câmera com a cara de surpreso/assustado. É, o Jim era a gente ali. E sim, todo mundo sempre foi apaixonado pela Pam. Ela era meiga, sensível, divertida, talentosa e apaixonada. Isso diz muito sobre a Pam.

Dwight Schrute foi o cara que causou as situações mais bizarras e engraçadas do seriado. Ele sempre foi muito paga pau do Michael e odiava o Jim. Odiava no sentido de rivalidade, porque no fim percebemos que ele sempre gostou do Jim. E vice-versa. Dwight fazia questão de sempre trazer uma referência a cultura pop. Não posso deixar de falar das pegadinhas que o Jim pregava no Dwight. Isso durou os 9 anos. Todo episódio tinha algo engraçado. Muitas vezes era comecinho do episódio.

O time do financeiro: Angela, Kevin e Oscar. Três personagens espetaculares. Angela era a chatinha do grupo. Loirinha, baixinha, odiava se relacionar com os outros, amava seus gatos mais do que os humanos e sempre amou o Dwight. Kevin era o amigão lerdão da turma. Sempre tem um Kevin em todo grupo de amigos. Ele demora pra entender as coisas, faz tudo errado. Finalizando, Oscar. O episódio que mais dei risada foi quando Michael descobriu que Oscar era gay. CHOREI DE RIR de tão inconveniente que foi.

Stanley e Phyllis eram os vendedores com a idade um pouco avançada. Stanley era mal humorado, participava de má-vontade das frequentes reuniões promovidas por Michael, ora cochilando, ora fazendo palavras-cruzadas. Mas tinha um humor refinado. Se ele dava risada, com certeza você daria risada. Phyllis sempre foi muito gentil com todos. Era a personagem que balanceava dentre todos os desbalanceados. A partir da terceira temporada, Andy entrou no time de vendedores. Sempre foi muito tapado, se achava o descolado e cantava bem pra caramba. Virou até chefe depois.

Ryan era o estagiário. Sofria na mão do Michael. Creed era o responsável pelo controle de qualidade da empresa. Ele era o mais velho da turma, tirava onda de forma excêntrica. Foi muito divertido acompanhar os lapsos de memória dele. Para muitos, ele é o personagem favorito. Kelly representava a menina fútil de tagarela da empresa. Aliás, muito fofoqueira. Meredith era a alcoólatra. Nas festinhas da empresa, sempre fazia questão de ficar pelada. Hahahah. Toby era o representante do departamento pessoal. Michael odiava: “Não. Não. NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO”.

Na empresa também tinha a galera do estoque. São os entregadores. Em alguns episódios eles ganhavam destaque, mas na maioria das vezes eram ignorados. Darryl, que era o responsável pelo deposito, acabou subindo de cargo e passou a ter um escritório junto aos demais funcionários. Roy era o noivo da Pam, mas que não deu certo. Pra alegria do Jim (e nossa) \o/ Aliás, só para não esquecer, teve a Erin, que substituiu a Pam como secretária e até os dois novos estagiários.

Muitos personagens entraram e apenas passaram, mas essa era a nossa turma. Quando Michael saiu no fim da sétima temporada, muita gente desistiu da série. Eu permaneci. Eu gostava de todos os personagens. Senti a saída do Michael, mas jamais iria abandonar os meus amigos que por tanto tempo acompanhei. A série teve mais duas temporadas que serviu para mostrar os motivos pelos quais nós amamos a série: os personagens.

Nos últimos episódios, nos deparamos com uma coisa bacana: tudo que estava sendo filmado (afinal, era no estilo documentário) iria estrear na TV. Sim, uma série dentro da série. Heheheh. Isto serviu pra gente relembrar algumas cenas e momentos especiais do seriado. Dava pra ver as reações genuínas dos personagens ao assistir essas imagens antigas. Muitos se emocionaram de verdade. Imagina eu? Chorei feito um desgraçado. No penúltimo episódio, Jim prova para Pam que ele SEMPRE quis estar ao lado dela. Foi lindo. Único. Perfeito. Este episódio marcou a despedida do Darryl. E como de praxe, foi dançando e todo mundo curtindo junto. Aliás, a despedida do Andy foi linda. Ele cantou uma música “I Will Remember You”:

I will remember you, will you remember me?” (Eu vou lembrar de você, vais lembrar de mim?)

Isso diz muito sobre The Office.

Até que chegou o último episódio. Mas não quero falar dele agora. Primeiro, gostaria de falar sobre o “The Office S09 Special”, um retrospectiva/especial de todos os anos da série, com entrevistas, bastidores e mostrando como tudo foi feito. Com 2min de vídeo (que tem 42 minutos), eu chorei. Sério. EMOCIONANTE! Mostra desde a origem, inclusive com Rick Gervais (criador da série original e o “Michael Scott britânico”) falando sobre como tudo começou e o que ele mais gostou na versão americana.

O mais legal foi ver o Rainn Wilson (Dwight) falando que o primeiro episódio e o começo de The Office teve péssima críticas e muita gente não gostou. Porém, acreditaram no projeto por causa dos downloads do iTunes. Sim, muitos assistiram a série por ali e mostraram para NBC que queriam mais. John Krasinski (Jim) disse: “Basicamente, foram os fãs que salvaram a série“. Olha isso, cara. Os fãs fizeram a série durar 9 ANOS. O que mais gostei foi ver todos os personagens falando como aquilo tudo era muito importante pra eles. Eu conheço muita gente que desistiu da série por causa dos primeiros episódios. Não é fácil. É uma estrutura nova. É uma linguagem nova. Demora para acostumar. A segunda temporada muda tudo isso e você se apaixona.

Jenna Fischer (Pam) diz em um determinado momento que quando Steve Carell foi indicado ao Globo de Ouro e ganhou, é como se todo mundo tivesse vencido. Sim, era uma vitória pessoal do Carell, mas foi também uma vitória conjunta.

COISAS QUE NUNCA VOU ESQUECER

– A abertura/música tema da série
– Todas as brincadeiras do Jim com o Dwight
– Michael descobrindo que Oscar é gay (melhor episódio)
– O episódio que começa com o Parkour! PARKOUR!
– A frase do Michael: “That’s what she said”
– As olhadas do Jim para a câmera
– O Stanley rindo freneticamente
– Os faxes do Dwight do futuro (enviados pelo Jim)
– A reação do Michael para quando Toby volta a trabalhar
– Jim pedindo a Pam em casamento
– O casamento da Jim e Pam
– As reuniões desnecessárias
– A despedida do Michael
– A despedida do Andy
– A despedida do Darryl

Sobre o último episódio. Eu queria falar sobre ele, mas me reservo a não comentar. Não quero que The Office acabe. Mas acabou. Estou triste. Estou feliz. Vou sentir saudade dos meus amigos. Obrigado por ter estado comigo por tantos anos. Eu jamais vou esquecer. Comecei a ver o seriado com 22 anos e termino com 31 anos. É, The Office fez parte da minha vida.

I wish we knew we were in the good old days before we left them“…

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Jurandir Filho
@jurandirfilho

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