Cinema com Rapadura

Colunas   terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Valentine’s Day: O romance nas animações

Uma lista de animações emocionantes e cheias de amor para aquecer seu coração.

Conta-se que o Valentine’s Day teve suas origens em 498 a.c, em Roma, quando o Padre Valentim lutou fervorosamente contra as leis impostas pelo Imperador Cláudio II,que proibiu o casamento durante a época de guerra por acreditar que soldados que não possuíssem laços amorosos se concentrariam apenas em vencer a batalha, sacrificando sua vida para isso. Por descumprir suas ordens, Valentim foi condenado à morte.

Enquanto aguardava sua sentença, jovens apaixonados enviavam cartas de agradecimento e admiração; uma das cartas mais importantes que recebera fora a de Astérias, filha cega de um carcereiro pela qual Valentim se apaixonou. Tamanho era seu amor por ela que milagrosamente a jovem voltou a enxergar. Antes de partir, Valentim escreveu-lhe uma carta de despedida e assinou como “Your Valentine” (Seu Valentim), termo utilizado até hoje para entregar cartas de amor durante a data.

Pensando nesse clima de romance e festividade onde o amor é capaz de tudo, o Cinema com Rapadura selecionou algumas animações emocionantes para assistir com quem se ama.

Your Name (Kimi no na Wa, Japão, 2016)

Mitsuha Miyamizu é uma adolescente que mora no interior do Japão em uma cidadezinha pacata onde nada acontece. Por esse motivo, seu maior sonho é mudar para Tóquio e transformar sua vida. Em contrapartida, Taki Tachibana é um garoto briguento que vive na cidade grande e trabalha em um restaurante italiano, mas deseja largar tudo para se tornar um arquiteto. Os dois não se conhecem, mas de alguma forma estão ligados direta e misteriosamente pela incrível capacidade de trocar de corpo.

Em uma clássica apresentação de personagem, o filme inicia seu primeiro ato focando-se em Mitsuha e sua vida rotineira em uma pequena cidade rural. Órfã de mãe e filha do prefeito da cidade que sequer se importa com a existência da filha, a jovem é vítima de constantes piadas por parte de seus colegas, já que, ao contrário de todos os adolescentes de sua idade, Mitsuha e sua irmã mais nova são obrigadas a praticar o xintoísmo por sua avó extremamente tradicionalista. É nesse quesito que “Your Name” desencadeia um de seus acontecimentos principais: após ser vista pelas garotas de sua sala enquanto realizava um ritual de preparação de saquê (no qual precisou mastigar arroz e cuspir o resto em um recipiente de fermentação) e ser vítima de mais uma piada na escola, Mitsuha revela seu desejo mais profundo ao vento: “Na próxima vida, me faça um menino bonito que vive em Tóquio, por favor!”.

Somos então apresentados a Taki, um adolescente típico de Tóquio: estudante durante a parte da manhã com um trabalho de meio-período à noite. Ao contrário de Mitsuha, Taki é dono de uma personalidade explosiva, sempre se metendo em brigas e extremamente honesto com seus sentimentos, o que afasta as pessoas ao seu redor.

Um dia, Taki acorda no corpo de Mitsuha e à partir dai, os dois sofrem constantes trocas de corpo e são obrigados a viver a rotina do outro, seguindo as regras estabelecidas por eles através de mensagens no celular e recados nos cadernos escolares.

Apesar de parecer um típico filme de troca de corpo, a trama principal está longe do clichê. Enquanto estão no corpo do outro, serão capazes de enxergar e compreender uma nova perspectiva de vida fora de sua zona de conforto. Ele, briguento e independente, no corpo de Mitsuha, se impõe aos colegas de classe que praticam bullying com ela e conquista um lugar de respeito que ela sempre quis. Ela, gentil e delicada, é capaz de fazer amizades e conquistar pessoas ao redor de Taki que sequer reconheciam sua existência.

Mas é quando tudo parece finalmente se encaixar e os dois se adaptaram a esses acontecimentos, que o filme dá seu maravilhoso plot twist e divide-se em um segundo capítulo. A comédia adolescente  já vista em obras como “Sexta-Feira Muita Louca” se torna um drama de ficção no qual apenas eles, tão conectados no coração do outro, serão capazes de solucionar.

Zero (Zero, Australia, 2010)

Em seu nascimento, crianças chegam ao mundo marcadas com um determinado número (0-10), de acordo com ele, uma pessoa será destinada a tornar-se bem sucedida ou fracassada. Crianças de números elevados serão líderes naturais e deixarão uma marca no mundo, enquanto crianças de números baixos estão fadadas à uma vida de mediocridade e serventia. É neste universo que nasce Zero, um menino do mais baixo nível, destinado a ser nada.

Quando era apenas uma criança, Zero e seus colegas de classe aprenderam as regras de seu mundo: números superiores são encorajados a terem filhos entre si para elevar o nível da população, enquanto Zero – o mais inferior dos números – jamais poderia se relacionar com alguém ou se reproduzir porque isso sujaria a qualidade da sociedade.

Humilhado, rejeitado e mal tratado, Zero se torna um adulto solitário, mas apesar de todos os motivos para ser infeliz, persiste na esperança de se tornar importante e amado. Sem emprego e obrigado a morar na rua, uma noite Zero salva uma mulher de mesma numeração e se apaixona perdidamente por ela.

Ao lado de alguém que o ama e admira, Zero sente-se o número mais elevado de todos, sendo capaz de desafiar as regras impostas a ele desde seu nascimento. É através deste amor proibido que Zero entende seu verdadeiro propósito no mundo.

Com apenas 12 minutos de animação, o curta-metragem metaforiza o racismo e denuncia o preconceito que ainda domina nossa sociedade, sua lição mais importante é que, qualquer um, por mais pequeno ou insignificante que possa parecer, é capaz de realizar coisas incríveis.

Assista abaixo:

A Princesa e o Sapo (The Princess and The Frog, EUA 2009)

Tiana é uma jovem garçonete que vive em New Orleans. Desde criança ela sonha em ser dona de um restaurante e para isso, possui dois empregos e junta o máximo de dinheiro possível. Para finalmente conseguir a quantia necessária para alugar um imóvel, Tiana aceita trabalhar em uma festa realizada por sua melhor amiga, Charlotte. No entanto, ao colocar uma fantasia de princesa da amiga, um sapo aparece na janela anunciando ser um príncipe e pede para que ela lhe beije para quebrar o feitiço. Apesar de achar a ideia repugnante, Tiana aceita beijá-lo com a promessa de que ela conseguirá o dinheiro necessário para realizar seus sonhos, mas ao fazê-lo, Tiana é quem se transforma em sapo.

Ao contrário das tradicionais princesas Disney, Tiana – que de princesa não tem nada – não sonha em se casar ou conhecer um príncipe para fazê-la eternamente feliz. Independente, sonhadora e batalhadora, a protagonista é uma jovem que corre atrás de seus sonhos e é capaz de qualquer sacrifício para transformá-lo em realidade.

Um dia, sua melhor amiga, Charlotte, uma menina rica e mimada pelo pai, convida Tiana para preparar o banquete de sua festa à fantasia e o pagamento será tanto que é capaz de completar o dinheiro que a garota precisa para alugar o imóvel. Enquanto trabalha na festa, a roupa de Tiana fica completamente suja e sua amiga lhe empresta uma fantasia de princesa, é ai que um sapo aparece na janela do quarto e se apresenta como um príncipe amaldiçoado que precisa de um beijo para quebrar o feitiço; mesmo achando a ideia repugnante, Tiana aceita com a promessa de que, ao retornar ao normal, o príncipe lhe ajudará a realizar o seu maior sonho.

A apresentação de personagem segue a linha clássica da Disney: com músicas, dança e elipses temporais. No entanto, a genialidade do filme está em sua adaptação cultural para a época e contexto do filme: a trilha sonora é construída com muito Jazz, Blues, Gospel e Zydeco, e até mesmo a clássica bruxa das histórias infantis foi adaptada para uma Mestre Vodu.

Como uma boa comédia romântica, Tiana e o Príncipe Naveen à princípio não se suportam: ela, filha de uma costureira e um cozinheiro, cresceu observando a batalha de uma família pobre para conquistar seu lugar ao sol e leva essa lição como essência de vida. Ele, um jovem mimado e egocêntrico, sequer sabe das dificuldades da vida e quer desesperadamente se casar com uma garota rica – no caso, Charlotte – para recuperar seu status.

Desesperados para retornar à normalidade, Tiana e Naveen precisam se unir para achar uma solução, enquanto lutam contra os obstáculos impostos pela natureza à dois pequenos sapos. Apenas quando são capazes de se entender como seres humanos com sonhos e falhas é que eles se apaixonam.

Avião de Papel (Paperman, EUA, 2012)

Após conhecer a garota dos seus sonhos no trem e vê-la novamente da janela de um prédio, um rapaz que trabalha em um escritório usa uma frota de aviões de papel para chamar a atenção da moça.

Estamos tão concentrados em nossas obrigações e rotinas que esquecemos de parar e observar os detalhes da vida. Pensando nisso é que “Paperman” desenvolve sua simples e muito poderosa história de amor.

Em uma Nova Iorque dos anos 50, um papel muda o destino de duas pessoas. Um jovem trabalhador aguarda o trem e está carregado de papeladas, mas o vento acaba carregando um de seus documentos até uma jovem mulher e, como em um conto de fadas, é amor à primeira vista. No entanto, nenhum dos dois possui coragem de uma iniciativa e cada um segue seu caminho.

Não é à toa que o filme seja inteiramente preto e branco, não servindo apenas como uma estética saudosista às animações clássicas da própria Disney, mas também serve como uma expressão narrativa para a própria rotina do protagonista: tudo é cinzento e tedioso. Eis a importância da garota pela qual ele se apaixona, já que ela carrega simbolicamente a única cor do filme em seus lábios: o vermelho.

Por uma coincidência ou por destino, o rapaz acaba vendo a garota em um prédio ao lado do seu trabalho e faz de tudo para chamar a atenção dela, construindo dezenas de avião de papel e atirando-os pela janela. Só nos basta torcer para que um deles chegue até ela e eles finalmente fiquem juntos.

Assista abaixo:

O Castelo Animado (The Howl’s Moving Castle, Japão, 2004)

Sofia é uma jovem de 18 anos que trabalha na chapelaria de seu pai. Em uma de suas raras idas à cidade ela conhece Howl, um mágico bastante sedutor, mas de caráter duvidoso. Ao confundir a relação existente entre eles, uma feiticeira lança sobre Sofia uma maldição que faz com que ela tenha 90 anos. Desesperada, Sofia foge e termina por encontrar o Castelo Animado de Howl. Escondendo sua identidade, ela consegue ser contratada para realizar serviços domésticos no local, se envolvendo com os demais moradores do castelo.

Ao inicio do filme somos apresentados a Sofia, uma garota introspectiva e de baixa auto-estima que se esconde atrás de um chapéu, tranças e um vestido azul largo demais para o corpo pequeno. Ao contrário das garotas de sua idade, ela não possui qualquer interesse em passear pela cidade e usar belos vestidos por sentir-se feia demais e ter vergonha que os outros a vejam. Por isso, quando a chapelaria fecha, ela passa seu tempo livre criando novos chapéus para clientes e se isola de todos.

No raro momento em que ela decide sair do quartinho dos fundos de sua loja e ir até a cidade, Sofia é abordada por dois soldados estrangeiros e é salva por Howl, um mago extremamente belo e famoso cuja fama é de seduzir e roubar o coração de jovens mulheres para preservar sua juventude.

Ao desconfiar que Sofia tem um relacionamento amoroso com Howl, a Bruxa do Vale – uma ex namorada de Howl- visita a garota em sua loja e lança um maldição para que ela se transforme em uma idosa de 90 anos, pensando que assim, Howl não teria mais interesse nela. Ao se olhar no espelho e perceber sua nova aparência, Sofia decide fugir para longe de seus familiares e colegas e se isolar nas montanhas para que ninguém a veja.

Cansada, faminta e com frio, Sofia parte em busca de um lugar para se abrigar e com a ajuda de um espantalho mágico, ela encontra abrigo no Castelo Animado de Howl e ao ver o lugar praticamente abandonado em meio à sujeira, decide se tornar cuidadora do lugar e, em troca, o mago deixa ela viver ali.

Apesar de ter uma personalidade covarde e mimada, Howl demonstra ser o único a enxergar a beleza de Sofia por trás da maldição que a envelhece, fazendo com que a menina – antes tão introspectiva – descubra uma personalidade mais revigorante nela mesma. Enquanto aceita o destino de ser eternamente velha, Sofia descobre que o mago, quando ainda era um jovem aprendiz, fez um contrato com o demônio e perdeu seu coração, se tornando um monstro terrível sempre que utiliza magia.

Sendo a única capaz de aflorar os verdadeiros sentimentos do mago, Sofia decide ajudá-lo a se libertar de sua maldição.

O Guarda-Chuva Azul (The Blue Umbrella, EUA, 2013)

Um guarda-chuva azul apaixona-se por um guarda-chuva vermelho, mas uma terrível tempestade acaba separando os dois. As placas, caixas de correio e demais objetos da cidade ganham vida e tentam reunir o casal.

É uma noite como outra qualquer: pessoas retornando às suas casa após um longo e cansativo dia de trabalho. Em meio à chuva, os objetos inanimados da cidade ganham vida e um mar de guarda-chuvas pretos e entediados é aberto. Mas entre eles está o guarda-chuva azul que vibra no meio da multidão cansada, ao contrário dos outros, ele sorri e aproveita cada pingo de água que cai sobre seu tecido.

Em meio ao som dos pingos na calçada e do borbulhar dos bueiros, surge o guarda-chuva vermelho. Tão alegre quanto o outro que se destaca, este fecha os olhos para aproveitar a chuva, como se ela também lhe tivesse um significado especial. E assim, os dois vibrantes guarda-chuvas, apaixonam-se.

Mas, assim como comentado em “The Paperman”, as pessoas – tão preocupadas com suas próprias rotinas – já não observam o mundo ao seu redor e, os donos dos dois guarda-chuvas, sequer param para olhar um para o outro e não sabem que, em meio a todas as pessoas em seus ternos e gravatas, são os únicos preparados para receber a chuva, usando galochas coloridas e guarda-chuvas diferenciados.

Infelizmente, o destino deles não se conclui ali. Cada dono segue para um lado e vemos os dois guarda-chuvas desesperados para ficarem juntos, lutando para escapar das mãos de seus donos.

Como é de se esperar da Pixar, os faróis, placas, toldos e bueiros prestam atenção na cena e tentam ajudar o guarda-chuva azul a reencontrar sua amada. Quando é carregado pelo vento, ele acaba no meio da avenida e é ajudado pelos desconhecidos que, ao contrário dos humanos tão automatizados em sua rotina, enxergam os pequenos detalhes que acontecem à sua volta e torcem para que os dois apaixonados se reúnam mais uma vez.

Wall-E (EUA, 2008)

Após poluir a Terra e deixá-la totalmente inabitável, o ser humano foge para o espaço e deixa o planeta aos cuidados de robôs. Wall-E é o último robô da linha que permanece vivo através do auto-conserto de suas peças e passa seus dias compactando lixo e recolhendo objetos diferentes para sua coleção. Um dia, Eva, uma robô moderna, chega na Terra com a missão de encontrar uma forma de vida no planeta e Wall-E rapidamente se apaixona pela recém-chegada.

Apesar de serem robôs, Wall-E e Eva possuem personalidades muito diferentes. Enquanto ela é muito mais moderna, repleta de habilidades  e focada em um único objetivo, Wall-E é um robozinho velho, ultrapassado e com uma única função: compactar lixos. No entanto, ele demonstra características humanas durante todo o filme, sendo capaz sentir medo, receios, alegrias e apaixonar-se, algo que Eva aprenderá apenas convivendo com ele.

É através deste comportamento peculiar que ele afeta pessoas e coisas ao seu redor. Quando Eva finalmente encontra vida na Terra, Wall-E segue a nave que a levou de volta para o espaço e começa uma jornada em busca da amiga. Em seu período na nave dos humanos, o robô é capaz de se comunicar com seus semelhantes e despertar sentimentos de felicidade, raiva e compreensão (inclusive, ensinando um robô a acenar para dizer olá/adeus).

Ao entrar em contato com seres humanos, Wall-E desperta até mesmo as ações e emoções mais simples neles, há muito esquecidas desde o avanço da tecnologia e, sem querer, acaba por iniciar uma revolução (emocional) no espaço.

Convivendo com uma personalidade tão à par da sua, Eva acaba conhecendo um pouco mais sobre o universo a seu redor (que antes encarava com tanta indiferença) e muito sobre si mesma, entendendo que, apesar de ser uma máquina, também pode sentir as emoções tão peculiares a seres humanos, especialmente o amor.

Lava (EUA, 2015) 

Uku, um vulcão localizado em uma ilha tropical canta todos os dias em buscar de seu amor, mas não é correspondido. Lele é uma vulcão que vive no fundo do mar, ouvindo a canção de Uku todos os dias, aguardando o dia que poderá correspondê-lo.

Todos os dias, Uku – um vulcão solitário -, canta uma linda canção de amor na esperança de que alguém especial possa ouvi-lo. Na imensidão do mar, ele presencia animais marinhos encontrando seu par ideal e viverem felizes para sempre, o que o entristece e aumenta ainda mais sua solidão já que ninguém correspondeu sua canção.

Apesar de não desistir, muitos anos se passam e Uku começa a se tornar uma rocha e está prestes a afundar no mar. Neste momento, descobrimos que Lele, um vulcão que aguarda o dia que irá emergir do do mar, esteve ouvindo sua canção de amor e deseja correspondê-la. No momento em que ela finalmente surge da água, o faz de costas e isso a impossibilita de vê-lo. Apaixonado por ela, Uku vai precisar cantar com todas as suas forças para que ela o encontre.

Ao contrário da maioria dos curtas-metragens da Pixar que geralmente não possuem diálogo e os personagens se expressam através de suas ações, os sentimentos dos personagens em “Lava” são expressados através da música que, aqui, foi adaptada para a tradicional melodia havaiana.

Assista abaixo:

I Lava You – Português

E finalmente saiu I Lava You em português para todos nós que amamos tanto <3

Publié par Disney Geek Br sur mercredi 8 juin 2016

E para você, qual é o melhor filme de animação sobre o Valentine’s Day?

Letícia Azevedo
@rapadura

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